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16 agosto 2024

Parceria pública e conversas com Embraer: estatal militar dos Emirados mira no Brasil

Grupo EDGE tem CFO brasileiro e já fez duas aquisições no país: uma empresa de mísseis e outra especializada em produtos não letais, como gás lacrimogênio


Mitchel Diniz | InfoMoney

O grupo EDGE, estatal militar dos Emirados Árabes, criou mais um vínculo no Brasil. Na manhã desta sexta-feira (16), a empresa de Abu Dhabi assina um acordo de cooperação com a prefeitura de São José dos Campos, no interior de São Paulo, um notório polo industrial e de tecnologia do país. Após comprar participações relevantes em duas empresas brasileiras no último ano, o EDGE reforça relações também com o poder público – uma outra parceria já havia sido firmada com o governo do estado de São Paulo no último mês de janeiro. De acordo com a estatal, o acordo com o município paulista prevê uma “troca de capacidades” em áreas de tecnologia avançada, cidades inteligentes, educação e desenvolvimento de talentos.


O vínculo com São José dos Campos, porém, não começa com a assinatura do memorando de entendimento. Em setembro do ano passado, o grupo Edge adquiriu 50% da SIATT (Sistemas Integrados de Alto Teor Tecnológico), empresa especializada em mísseis e sistemas de alta tecnologia, que tem sede na cidade.

A estatal militar de Abu Dhabi fechou um acordo com a Marinha do Brasil para o desenvolvimento de um míssil antinavio de longo alcance pela SIATT, para concorrer com o Exocet, fabricado pela francesa MBDA. Com injeção de capital do EDGE, o parque fabril da empresa brasileira em São José terá seu tamanho aumentado em sete vezes, passando a abranger uma área de 7 mil metros quadrados. A SIATT também firmou um contrato de larga escala com os Emirados.

Conversas com a Embraer

Cidade que abriga as maiores empresas aeroespaciais do país, São José dos Campos também é sede da Embraer (EMBR3), empresa com a qual o Edge tem mantido conversas, segundo disse ao InfoMoney o CFO do grupo, o brasileiro Rodrigo Torres. “Não há nada assinado, mas conversamos bastante”, afirmou.

Um dos projetos discutidos com a fabricante de aeronaves brasileira é uma possível “weaponização” do Super Tucano, um dos carros-chefes da área de defesa da Embraer. “A Embraer não tem capacidade de colocar armas no Super Tucano. Seria uma ideia potencial trabalharmos juntos em algo nesse sentido”, afirma Torres.

“Eles fabricam trens de pouso e nós precisamos de trem de pouso para os drones que estamos fazendo. Existe uma potencial troca dos aviões de cargueiros [pelas forças armadas de diversos países] e tem o KC [modelo da Embraer], que seria um potencial projeto também. Enfim, tem bastante coisa em discussão”, complementa o executivo.

Torres explica que a defesa espacial é a próxima fronteira da estratégia do EDGE. Segundo ele, essa é uma área onde o grupo ainda tem atuação pequena. O segmento de defesa cibernética também está na mira dos próximos investimentos.

Aquisições no Brasil

O EDGE foi criado em 2019 com a combinação de 25 empresas dos Emirados Árabes, entre elas, algumas estatais, para garantir a soberania em defesa do bloco. De lá para cá, o grupo expandiu sua atuação para o exterior, comprando participações em empresas de 30 países. O portfólio conta hoje com 55 investidas. Aqui no Brasil, além da SIATT, o EDGE adquiriu 51% da Condor, empresa de tecnologias não letais, com sede em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.

A Condor é a principal produtora de gás lacrimogênio do mundo e tem um dos maiores portfólios globais de produtos não letais, incluindo munições de borracha e câmeras corporais. É uma empresa que exporta para 85 países e vai ajudar o EDGE a alcançar mercados de difícil penetração, como os Estados Unidos.

“Para sermos uma empresa séria de defesa, temos que estar nos Estados Unidos. A gente entende que a entrada com armas não letais nesse mercado seria mais fácil do que com armas letais”, afirma o CFO. Como sócio da Condor, o EDGE prevê abrir um centro de montagem e distribuição para a empresa no Oriente Médio, para ajudar a brasileira a ampliar sua atuação na região e na Ásia.

O alcance das exportações brasileiras na área de defesa é um dos motivos pelo qual o grupo militar dos Emirados Árabes abriu seu primeiro escritório regional no país e recrutou um carioca como CFO para executar seu plano de expansão pela América Latina.

“É uma região que não está tão congestionada como Europa e Estados Unidos em termos de empresas de defesa. Além disso, os Emirados possuem um relacionamento muito saudável com os países do bloco”, explica Torres.

Parceria com o governo de SP

Na parceria com o governo de São Paulo, citado no início da reportagem, o EDGE assinou um memorando com o intuito de trazer tecnologias para o estado e equipar as polícias. “É uma estrutura grande, maior do que muitas forças armadas por aí. Porém, carente de tecnologias que podem ser aliadas a estruturas que eles tem”, afirma o CFO.

A ideia é realizar um teste de seis meses, conhecido como Prova de Conceito, em duas áreas da segurança pública que ainda estão sendo selecionadas. “Seria um investimento da própria empresa, não teria custo algum para o governo de São Paulo. […] Poderíamos vir a ter um contrato no futuro, se o governo achar possível, mas a grande contrapartida é poder apresentar para um mundo, como em um projeto piloto, as tecnologias que temos para isso”, diz Torres.

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