Após impor novas condições de deportação ilegal a um cessar-fogo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou o grupo palestino Hamas, neste domingo (4), de obstruir um acordo, incluindo troca de prisioneiros, ao insistir na retirada israelense do Corredor da Filadélfia, área designada neutra na fronteira entre Gaza e Egito.
Monitor do Oriente Médio
“Não colocamos nenhuma nova demanda à proposta”, alegou Netanyahu, ao contrapor relatos de fontes oficiais à mídia sionista, durante reunião de seu gabinete de governo. “O Hamas é quem está exigindo dezenas de mudanças [sic]”.
Netanyahu é acusado, porém, de procrastinar um acordo em causa própria, sob receios de colapso de seu governo de extrema-direita e eventual prisão por corrupção em caso de cessar-fogo.
“Estou disposto a ir longe para libertar todos os nossos reféns, mas ao manter também a segurança de Israel [sic]”, insistiu o premiê, que enfrenta meses de protestos internos pela soltura dos prisioneiros capturados pelo Hamas em 7 de outubro.
Tel Aviv enfrenta ainda pressão externa e diplomática sem precedentes.
Para Netanyahu, os vazamentos da equipe de negociação e dos serviços de segurança, em condição de anonimato, “prejudicam” o processo.
No entanto, reafirmou Netanyahu: “O Hamas exige que nos retiremos do Corredor da Filadélfia e da travessia de Rafah, mas isso não vai acontecer. Quem quer que queira — como nós [sic] — libertar os reféns deve pressionar o Hamas, não o governo”.
Na noite de sábado (3), uma delegação israelense liderada por David Barnea, diretor da agência de espionagem Mossad, retornou do Egito, após negociações com homólogos egípcios sobre um eventual acordo com o Hamas.
Conforme o site de notícias Walla, a viagem ao Cairo foi “resultado de intensa pressão americana nos últimos dias, para continuar as negociações”.
A pressão sucede um atentado atribuído a Israel, na última semana, que matou o chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, incitando nova apreensão de propagação da guerra e levando os mediadores, sobretudo Catar, a questionar o processo.
Nitzan Alon, incumbido da pauta dos prisioneiros de guerra em Gaza, representante do exército israelense, não participou da viagem, segundo relatos, “por sua crença de que a postura linha-dura de Netanyahu não levará a avanços verdadeiros”.
Netanyahu manteve a tom hostil: “Israel está em uma guerra de múltiplos fronts contra o eixo do mal iraniano [sic]. Atacamos duramente em cada um de seus braços. Estamos preparados para qualquer cenário, seja defensiva ou ofensivamente. Repito aos nossos inimigos: Vamos responder e impor duro preço a qualquer ato de agressão contra nós, seja de qualquer front”.
Israel desacata até então medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, para desescalada em Gaza, assim como resoluções de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
No início de junho, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou um plano de cessar-fogo e troca de prisioneiros, por etapas. O Hamas indicou prontidão em avançar nas negociações; contudo, sem o aval de Israel.
Uma fonte americana chegou a dizer no sábado que Netanyahu é “ingrato” em relação a Washington. “Biden percebeu que Netanyahu tem mentido para ele sobre os reféns”, afirmou a fonte ao jornal israelense Haaretz.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há dez meses, deixando 40 mil mortos e 90 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
As informações são da agência de notícias Anadolu.