O exército israelense ordenou a residentes palestinos do campo de refugiados de Nour Shams, na Cisjordânia ocupada, que deixem suas casas dentro de quatro horas, alertou nesta quarta-feira (28) o ativista palestino Suleiman al-Zuheiri.
Monitor do Oriente Médio
“O exército notificou o Departamento de Comunicação Civil — ponto de contato com o lado israelense — para advertir aos residentes que deixem a área em até quatro horas, ‘caso desejem’”, comentou al-Zuheiri à agência de notícias Anadolu.
Danos causados por ataques israelenses ao campo de refugiados de Nour Shams, na região de Tulkarem, na Cisjordânia ocupada, em 27 de agosto de 2024 [Issam Rimawi/Agência Anadolu] |
Segundo o relato, o exército ocupante ergueram uma série de checkpoints militares nos pontos de acesso de Nour Shams, ao forçar os residentes a uma única saída.
“Tratores militares estão destruindo infraestrutura dentro e nos arredores de Tulkarem e do campo de Nour Shams, sob apoio de drones armados”, destacou al-Zuheiri.
Os relatos coincidem com operações militares de Israel no norte da Cisjordânia, contra as regiões de Nablus, Tubas e Tulkarem, descritas como os maiores ataques israelenses à Cisjordânia em mais de duas décadas.
Ao menos 11 pessoas foram mortas pelo exército israelense nesta madrugada, segundo estimativas do Ministério da Saúde palestino, até então.
Na manhã desta quarta, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, reiterou que as operações militares na Cisjordânia devem incluir a “evacuação temporária [sic] dos residentes palestinos”, fomentando receios de anexação ilegal das terras.
Nos últimos anos, o exército israelense tem conduzido operações regulares nas aldeias e cidades ocupadas da Cisjordânia, com uma escalada sem precedentes no contexto do genocídio em Gaza, desde 7 de outubro, com 40 mil mortos e 90 mil feridos.
Neste período, disparos israelenses deixaram ao menos 662 mortos e 5.400 feridos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, além de dez mil detidos em uma campanha hostil que dobrou a população carcerária palestina.
Parte considerável dos palestinos nas cadeias da ocupação continua em custódia sem julgamento ou sequer acusação — reféns por definição.
Em 19 de julho, em decisão histórica, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, admitiu como “ilegal” as décadas de ocupação israelense em terras palestinas e exigiu evacuação imediata de todos os assentamentos e reparações aos nativos.