O norte da Cisjordânia foi devastado por combates neste sábado (31), no quarto dia de uma operação "antiterrorista" israelense neste território ocupado, onde dois palestinos que planeavam realizar ataques morreram, segundo o Exército israelense.
France Presse
O Exército de Israel lançou uma grande operação na Cisjordânia na quarta-feira, com bombardeios e ataques blindados em Jenin, Nablus, Tubas, Tulkarem e em acampamentos de refugiados, onde grupos armados que combatem Israel têm uma presença notável.
Palestinos revisam os danos causados na garagem de uma casa em Jenin, na Cisjordânia ocupada, por uma operação israelense, em 31 de agosto de 2024 © RONALDO SCHEMIDT |
As incursões militares israelenses são comuns na Cisjordânia, mas é incomum que ocorram em várias cidades ao mesmo tempo. No entanto, a violência se intensificou desde o início da guerra na Faixa de Gaza.
O Exército israelense indicou que "eliminou" durante a madrugada dois palestinos que planejavam realizar ataques com explosivos perto dos assentamentos de colonos israelenses na Cisjordânia.
"Um terrorista tentou realizar um ataque com carro-bomba" perto de um assentamento de Guzh Etzion, e outro foi capturado após ter "se infiltrado em Karmei Zur", mais ao sul, disse a força armada.
Tanto o Hamas, que governa Gaza desde 2007, como o seu aliado Jihad Islâmica aplaudiram a ação dos dois palestinos.
Segundo o Ministério da Saúde palestino, pelo menos 20 palestinos morreram na Cisjordânia pelo Exército israelense desde quarta-feira. A maioria era combatente, segundo o Hamas e seu aliado.
O Exército israelense, por sua vez, afirmou ter matado "20 terroristas".
A intervenção israelense "alimenta uma situação já explosiva" neste território ocupado por Israel desde 1967, alertou a ONU esta semana.
A organização também manifesta frequentemente preocupação com a situação em Gaza, onde a Defesa Civil indicou ter recuperado 29 corpos dos escombros.
O estreito território está imerso em uma guerra entre as forças israelenses e o Hamas, desencadeada em 7 de outubro pelo ataque do movimento islamista palestino no sul de Israel em 7 de outubro.
- Bombardeios em Gaza -
Entre os mortos na Cisjordânia estão um homem de 82 anos, segundo a agência palestina Wafa, e dois adolescentes de 13 e 17 anos, informou o Crescente Vermelho palestino, que também reportou 55 feridos desde quarta-feira.Os soldados israelenses têm se concentrado desde sexta-feira em Jenin e nos seus acampamentos de refugiados. As ruas da cidade acordaram desertas, ocupadas apenas por tanques israelenses, que circulavam com o barulho dos combates ao fundo.
Em Gaza, nove adultos da mesma família, incluindo duas mulheres, morreram neste sábado quando a sua casa foi bombardeada no acampamento de refugiados de Nuseirat, no centro do território, disse à AFP Marwan Abou Nassar, médico do hospital Al Awda, aonde chegaram os corpos.
À noite, Israel bombardeou o acampamento de refugiados de Jabaliya, no norte do enclave, causando mortos e feridos, segundo Ahmed al Kahlut, da Defesa Civil de Gaza.
Usando telefones celulares, as equipes de resgate transportaram os feridos para as ambulâncias. Outros procuravam possíveis desaparecidos nos escombros, segundo imagens da AFPTV.
No sul da Faixa, cinco pessoas morreram no bombardeio de uma casa em Khan Yunis, disse o Crescente Vermelho palestino.
E isto, apesar de, na noite de sexta-feira, o Exército israelense ter anunciado que tinha encerrado as suas operações terrestres nas regiões de Khan Yunis e Deir al Balah, no centro.
A Organização Mundial da Saúde disse que Israel concordou em implementar "pausas humanitárias" de pelo menos três dias em várias partes de Gaza a partir de domingo para facilitar uma campanha de vacinação contra a poliomielite, que não era detectada no território há 25 anos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, esclareceu, no entanto, que esta medida não implicava "um cessar-fogo".
A guerra em Gaza, que mergulhou os 2,4 milhões de habitantes desse território numa situação humanitária catastrófica, eclodiu no dia 7 de outubro.
Naquele dia, milicianos islamistas do Hamas mataram 1.199 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.
Também raptaram 251 pessoas, das quais 103 permanecem cativas em Gaza, incluindo 33 declaradas mortas pelo Exército israelense. Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma vasta ofensiva de retaliação que já deixou 40.691 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território.