'Nem as baratas sobreviverão': Especialista discute a nova arma EMP do Hezbollah

Rotem Mey-Tal, CEO da Asgard Systems, uma empresa que desenvolve tecnologia militar para a indústria de defesa, discute a nova tática do Hezbollah e o fornecimento de munições eletromagnéticas.

Por Matan Wasserman | The Jerusalem Post

O jornal kuwaitiano Al-Jarida informou que o Irã forneceu ao Hezbollah e a outras forças iranianas munições eletromagnéticas, que podem desativar os sistemas de comunicação e desligar os radares. Rotem Mey-Tal, CEO da Asgard Systems, empresa que desenvolve tecnologia militar para a indústria de defesa e iniciadora da competição "30U30 in Defense" para 2024, discutiu o assunto.

Fumaça sobe de um local alvo de bombardeios israelenses na vila fronteiriça de Tayr Harfa, no sul do Líbano, em 24 de julho de 2024, em meio a confrontos transfronteiriços em andamento entre tropas israelenses e combatentes do Hezbollah.(crédito da foto: KAWNAT HAJU / AFP via Getty Images)

Primeiro, o que é munição eletromagnética?

"Descrever munições eletromagnéticas é como falar sobre algo que ninguém jamais viu, mas todos entendem que existe e está presente na realidade - no nosso caso, no tabuleiro de xadrez geopolítico e militar do Oriente Médio. Em essência, imagine um raio atingindo o prédio em que você mora, não atingindo um pára-raios ou antena, mas todo o prédio, fazendo com que todos os painéis elétricos, aquecedores de água, sistemas elétricos e de água, eletrodomésticos, computadores, sistemas de televisão e até mesmo sistemas médicos que salvam vidas parem de funcionar. É como uma queda de energia, mas, neste caso, os sistemas também podem queimar por dentro, como em um curto-circuito."

Para onde essa ameaça é direcionada?

"Suspeito que a ameaça esteja mais focada em bases, instalações estratégicas, sistemas de dessalinização e na rede elétrica israelense. No entanto, é impossível dizer com precisão, pois tal arma nunca foi usada na história, então não há fontes ou referências para aprender."

Funciona como uma onda elétrica ou como munições e foguetes convencionais?

"A física é a mesma de qualquer maneira que eles escolham usar essa capacidade, mas suspeito que o modelo provavelmente será na forma de um UAV voando baixo. Muito parecido com o ataque iraniano-houthi do UAV Samad 3 atualizado, que atingiu perto da embaixada dos EUA em Tel Aviv no fim de semana passado, só que em vez de uma ogiva cinética com pólvora, a frente do UAV pode ser armada com um mecanismo de ativação de pulso eletromagnético (EMP), que é acionado durante o vôo do UAV e emite um EMP ao entrar em contato com o alvo. Mas, novamente, é principalmente especulação, já que não há documentação até o momento sobre o uso de tal arma ou tecnologia."

Isso é uma escalada? Como você acha que essa ameaça deve ser abordada?

"Na minha opinião pessoal, esta não é apenas uma escalada no mapa de ameaças potenciais, mas também deve ser considerada como próxima de uma ameaça de arma não convencional. Assim como nenhum país soberano toleraria uma ameaça de arma não convencional, o mesmo se aplica aqui. Isso ocorre porque, em 2024, os processadores eletrônicos gerenciam e operam todos os sistemas vitais do Estado de Israel – infraestrutura, sistemas médicos, segurança e aplicações militares.

"Pense na analogia da década de 1960, que descreve que, em uma explosão nuclear, apenas as baratas sobreviveriam. Na mesma linha, em um ataque eletromagnético, as 'baratas' (apelido de componentes eletrônicos em circuitos elétricos) não sobreviverão desta vez. Isso afetará a todos nós em nossas vidas diárias e na preparação para emergências. Como em um jogo de pôquer, quando alguém aumenta uma aposta na mesa, todos param tudo e olham nos olhos dele para entender seu próximo movimento ou se ele está blefando. Acho que precisamos olhá-los nos olhos."