A NATO vai precisar de entre 35 e 50 brigadas extra para concretizar plenamente os seus novos planos de defesa contra um ataque da Rússia, disse uma fonte militar à Reuters.
Por Sabine Siebold | Reuters
WASHINGTON - A fonte, falando sob condição de anonimato, se recusou a fornecer mais detalhes sobre os planos, que são secretos. Uma brigada consiste entre 3.000 e 7.000 soldados, de modo que gerar de 35 a 50 unidades a mais representaria um desafio significativo.
Militares do exército alemão correm durante o exercício militar Quadriga 2024 em Pabrade, Lituânia, em 29 de maio de 2024. REUTERS/Ints Kalnins/foto de arquivo |
Em outro sinal da escala do desafio da Otan ao reformular sua postura para levar a ameaça de um ataque russo mais a sério após a invasão da Ucrânia em 2022, uma fonte de segurança disse que a Alemanha sozinha teria que quadruplicar suas capacidades de defesa aérea.
Em uma cúpula em Vilnius no ano passado, os líderes da Otan concordaram com os primeiros grandes planos de defesa da aliança em mais de três décadas, e as autoridades têm trabalhado para traduzir os documentos em demandas militares concretas desde então.
Os líderes da Otan devem receber uma atualização sobre os planos em Washington esta semana, em uma cúpula para marcar o 75º aniversário da aliança de segurança transatlântica.
Procurado para comentar, um funcionário da Otan disse que os planejadores militares da aliança identificaram "requisitos detalhados para tropas e armas necessárias para defender a aliança".
"Defesas aéreas e antimísseis, armas de longo alcance, logística, bem como grandes formações de manobras terrestres estão entre nossas principais prioridades", acrescentou o funcionário.
"A Otan provavelmente estabelecerá metas de capacidade mais exigentes para os aliados, à medida que desenvolvemos forças que podem implementar nossos planos e enfrentar as ameaças que enfrentamos. Estamos confiantes de que nossa dissuasão é e continuará forte."
O Ministério da Defesa em Berlim se recusou a comentar os planos futuros da Otan, pois eles são confidenciais. Disse que todos os aliados foram chamados a coordenar com a Otan sobre os requisitos de capacidade, e que esses esforços se estenderão até o próximo ano.
PESSOAL ADICIONAL
Não está claro de onde os aliados da Otan podem tirar o pessoal adicional para 35 a 50 brigadas. As tropas poderiam ser deslocadas de outras partes das forças armadas, soldados adicionais poderiam ser recrutados ou os membros da OTAN poderiam optar por uma mistura de ambas as abordagens.
A defesa aérea é outra grande lacuna que os planejadores militares da OTAN identificaram, já que a guerra na Ucrânia demonstrou a importância desses sistemas para proteger infraestruturas militares e civis críticas.
Tais sistemas seriam particularmente importantes para a Alemanha como um importante centro logístico e área de preparação em qualquer potencial conflito com a Rússia.
A Alemanha tinha 36 unidades de defesa aérea Patriot quando era o estado da linha de frente da OTAN durante a Guerra Fria e, mesmo assim, contava com o apoio adicional dos aliados da OTAN.
Hoje, as forças alemãs estão reduzidas a nove unidades Patriot, depois de doarem três à Ucrânia desde a invasão russa em 2022, e o governo começou a fazer pedidos para o Patriot e outros sistemas de defesa aérea para aumentar os estoques.
Sistemas de defesa aérea terrestres, como o Patriot da Raytheon, são construídos para interceptar mísseis que chegam.
Após a Guerra Fria, muitos aliados da OTAN reduziram o número de unidades de defesa aérea para refletir a avaliação de que, no futuro, só teriam que lidar com uma ameaça limitada de mísseis, vinda de países como o Irã.
Essa percepção mudou drasticamente com a invasão da Ucrânia pela Rússia, que fez com que os aliados da Otan lutassem para aumentar os estoques de munição e enfrentar as deficiências do sistema de defesa aérea.
O acordo sobre os primeiros grandes planos de defesa desde a Guerra Fria, apelidados de "planos regionais" pela Otan, significou uma mudança fundamental para a aliança militar ocidental, que não via necessidade de elaborar novos planos de defesa em grande escala há décadas, pois acreditava que a Rússia pós-soviética não representava mais uma ameaça existencial.