O líder do Hamas Ismail Haniyeh foi assassinado na madrugada de quarta-feira no Irã, segundo o grupo militante palestino e Teerã, gerando ameaças de vingança contra Israel em uma região já abalada pela guerra em Gaza e pelo aprofundamento do conflito no Líbano.
Por Nidal al-Mughrabi e Parisa Hafezi | Reuters
CAIRO/DUBAI - A Guarda Revolucionária do Irã confirmou a morte de Haniyeh, horas depois que ele participou de uma cerimônia de posse do novo presidente do país, e disse que estava investigando.
Líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã 26/3/2024 Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS |
Haniyeh, normalmente baseado no Catar, tem sido o representante da diplomacia internacional do Hamas, à medida que a guerra desencadeada pelo ataque liderado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro se desenrola em Gaza.
O braço armado do Hamas afirmou em um comunicado que a morte de Haniyeh "levaria a batalha a novas dimensões e teria grandes repercussões", enquanto o Irã também prometeu retaliar.
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, disse que Israel havia fornecido as bases para uma "punição severa para si mesmo" e que era dever de Teerã vingar a morte do líder do Hamas, já que ela ocorreu na capital iraniana. As forças iranianas já fizeram ataques diretamente contra Israel durante a guerra de Gaza.
Não houve comentário ou reivindicação de responsabilidade por parte de Israel. Os militares israelenses disseram que estavam avaliando a situação, mas não emitiram nenhuma nova diretriz de segurança para os civis.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu deve se reunir para consultas com autoridades de segurança.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, disse que Washington trabalharia para tentar aliviar as tensões, mas afirmou que os Estados Unidos ajudariam a defender Israel em caso de ataque.
"Não acho que a guerra seja inevitável. Eu mantenho isso. Acho que sempre há espaço e oportunidades para a diplomacia", disse ele aos repórteres durante uma visita às Filipinas.
O assassinato, que ocorreu menos de 24 horas depois que Israel alegou ter matado o comandante do Hezbollah que, segundo o país, estava por trás de um ataque mortal nas Colinas de Golã, ocupadas por Israel, parece ter diminuído as chances de qualquer acordo de cessar-fogo iminente na guerra de 10 meses em Gaza.
"Esse assassinato do irmão Haniyeh pela ocupação israelense é uma grave escalada que tem como objetivo quebrar a vontade do Hamas", disse à Reuters Sami Abu Zuhri, oficial sênior do Hamas.
Ele declarou que o Hamas, grupo islâmico palestino que governava Gaza antes do ataque israelense, continuará o caminho que estava seguindo.
"Estamos confiantes na vitória", disse ele.
O Catar, que tem intermediado conversações com o objetivo de interromper os combates em Gaza, condenou a morte de Haniyeh como uma perigosa escalada do conflito. China, Rússia e Turquia também condenaram.
O principal órgão de segurança do Irã se reuniu para decidir a estratégia do país em reação à morte de Haniyeh, um aliado próximo de Teerã, disse uma fonte com conhecimento da situação.