Negociações por cessar-fogo na Faixa de Gaza chegam a novo empasse
Nidal al-Mughrabi e Mohammed Salem | Reuters
Cairo e Gaza - Milhares de palestinos retornaram às suas casas nas ruínas da principal cidade do sul de Gaza, Khan Younis, nesta terça-feira (30), depois que as forças israelenses encerraram uma incursão de uma semana no local, que disseram ter como objetivo impedir o reagrupamento do grupo armado islâmico Hamas.
Palestinos se abrigam em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza | 24/07/2024REUTERS/Hatem Khaled |
Autoridades de saúde palestinas disseram que equipes de resgate recuperaram até agora 42 corpos de palestinos mortos na incursão israelense no leste de Khan Younis. O Serviço de Emergência Civil de Gaza disse que mais buscas estavam em andamento, com 200 pessoas ainda desaparecidas.
Os militares israelenses disseram que suas forças mataram mais de 150 homens armados palestinos durante o ataque de uma semana, destruíram túneis militantes e apreenderam armas.
Depois da partida das forças israelenses, as pessoas regressaram às suas casas a pé e em carroças puxadas por burros, carregando os seus pertences. Muitos encontraram suas casas danificadas ou destruídas.
Testemunhas disseram que as forças militares demoliram o cemitério principal em Bani Suhaila, a cidade na periferia leste de Khan Younis que foi o foco principal do ataque, bem como casas e estradas próximas.
“Estou voltando e tenho fé em Deus. Não sei se viveremos ou morreremos, mas é tudo pelo bem da pátria”, disse Etimad Al-Masri, que caminhou pelo menos cinco quilômetros de volta para sua casa.
“Apesar do sofrimento, temos paciência e se Deus quiser teremos a vitória”.
Muitos moradores disseram que foram deslocados de suas casas diversas vezes.
“Esperamos que haja um cessar-fogo e calma. Esperamos que eles ajam num cessar-fogo para que possamos viver em segurança”, disse Walid Abu Nsaira, segurando alguns dos seus pertences no ombro enquanto caminhava de volta para casa.
Dez meses após o início da guerra, as forças de Israel completaram em grande parte o ataque a quase toda a Faixa de Gaza e passaram as últimas semanas lançando novos ataques em áreas onde já tinham alegado ter erradicado o Hamas. Milhares de pessoas receberam ordens de retirada de suas casas, a maioria delas já deslocada várias vezes.
Os esforços para negociar um cessar-fogo através de mediadores, em curso há meses, estão mais uma vez fracassando. Na segunda-feira (29), Israel e o Hamas trocaram acusações pela falta de progresso.
O Hamas quer um acordo de cessar-fogo para pôr fim à guerra em Gaza, enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirma que o conflito só terminará quando o Hamas for derrotado. Também há divergências sobre como um acordo seria implementado.
A guerra começou com um ataque ao sul de Israel por combatentes liderados pelo Hamas que mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, e capturaram cerca de 250 reféns, segundo dados israelenses.
Desde então, as forças israelenses mataram mais de 39 mil palestinianos na Faixa de Gaza, segundo as autoridades de saúde locais, que não fazem distinção entre combatentes e civis, mas afirmam que mais de metade dos mortos é de mulheres ou crianças. Israel, que perdeu cerca de 330 soldados em Gaza, afirma que um terço das vítimas palestinas são combatentes.