O general Abdul Fattah al-Burhan, chefe do exército do Sudão e governante de fato do país, vinculou seu engajamento a negociações em Jeddah, na Arábia Saudita, à retirada das Forças de Suporte Rápido (FSR), grupo adversário, de cidades capturadas ao longo do conflito.
Monitor do Oriente Médio
Al-Burhan discursou nesta quinta-feira (11) a moradores de Atbara, cidade no noroeste sudanês, no contexto da guerra civil.
General Abdul Fattah al-Burhan, chefe do exército do Sudão e governante de facto do país, em Riad, na Arábia Saudita, 9 de dezembro de 2022 [Corte Real Saudita/Agência Anadolu] |
Conforme comunicado de seu Conselho Soberano, que governa o Sudão desde o golpe militar de outubro de 2021, enfatizou al-Burhan: “Não negociaremos com uma milícia rebelde terrorista!”
O grupo paramilitar alinhou-se ao exército no contexto do golpe. Contudo, em abril de 2023, tentativas de integrá-lo ao contingente regular deflagraram os combates.
Segundo al-Burhan: “Não iremos a Jeddah, para negociar, até que os terroristas deixem as cidades e as casas de nossos cidadãos, que eles invadiram. Esmagaremos a rebelião, estamos confiantes de que essa batalha vai acabar com a derrota da milícia e de todos os seus apoiadores e aliados”.
“Prometemos ao povo sudanês expulso de suas casas, que teve seu dinheiro saqueado e sua honra violada, que retaliaremos, e tomaremos seus plenos direitos dessa milícia”, acrescentou o general.
Os comentários inflamatórios de al-Burhan sucedem em dias um encontro com o vice-ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, Waleed al-Khuraiji, em Porto Sudão, para tratar da retomada do processo de Jeddah por um cessar-fogo.
Ambos os lados na guerra são acusados de violações graves, inclusive crimes motivados por perseguição étnica, em particular, na região de Darfur.
Cerca de oito milhões de sudaneses foram deslocados, dentro e fora do país, no último ano, além de dezenas de milhares de mortos pela guerra, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo estimativas, metade da população do país — cerca de 50 milhões de pessoas — depende de ajuda humanitária para sobreviver, com 18 milhões de pessoas, hoje, à margem da fome.