Primeiro avião de combate produzido no Brasil, o F-39 Gripen é fabricado pela sueca Saab em conjunto com a Embraer e deverá ter seu voo de inauguração em 2025.
Guilherme Correia | Sputnik
O desenvolvimento da aeronave ocorre em um hangar na cidade de Gavião Peixoto (SP), localizada a 300 quilômetros de São Paulo. A intenção é produzir um modelo ainda mais moderno do que o Gripen sueco, para monitorar a Amazônia e outras faixas territoriais do Brasil.
Marcos José Barbieri Ferreira, economista e especialista em indústria aeroespacial e defesa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica à Sputnik Brasil que a aeronave F-39 é a designação que a Força Aérea Brasileira (FAB) utiliza, mas tecnicamente trata-se de um Gripen NG ou E/F.
Segundo ele, o modelo parte do projeto de uma aeronave anterior, a versão CD. "Ela guarda algumas semelhanças com a anterior, mas é uma nova aeronave, com estruturas, motorização, trens de pouso e aviônica diferentes. É uma aeronave de caça multifuncional, de superioridade aérea, combate ar-ar, ataque ao solo, ataque naval, reconhecimento aéreo e interceptação, dependendo dos equipamentos e armamentos incluídos", explica.
Ferreira destaca a relevância da transferência de tecnologia no projeto entre as empresas sueca e brasileira. "A parceria entre a Saab e a Embraer foi estabelecida após a seleção da aeronave pela FAB. Um dos requisitos fundamentais no projeto de aquisição era que houvesse um processo de transferência de tecnologia, de absorção tecnológica pelas empresas brasileiras, principalmente pela Embraer."
"Quando o avião foi selecionado, ele ainda estava na fase final de desenvolvimento e integração de sistemas, permitindo que a Embraer e outras empresas participassem dessa fase final, recebendo e desenvolvendo a tecnologia em conjunto", relata.
O especialista aponta também as expectativas em relação à linha de produção brasileira, já que a aeronave pode ser um passo importante para a indústria brasileira no segmento, inclusive até para liderar o mercado da América Latina.
Inicialmente, diz, a linha de produção foi pensada para o mercado brasileiro — o objetivo inicial da FAB era adquirir três lotes de 36 aeronaves, totalizando 108 aeronaves. Segundo Ferreira, dadas as restrições orçamentárias, "o terceiro lote está praticamente inviabilizado, mas um segundo lote é essencial".
"A linha de produção pode atender a demandas da América Latina, com a Colômbia sendo um possível cliente", afirma.
Quais caças o Brasil tem?
Além do Gripen, a FAB possui o F-5M Tiger, o A-1 AMX e o A-29 Super Tucano. Questionado se seria possível o desenvolvimento de uma aeronave de combate de nova geração desenvolvida apenas pelo Brasil, Ferreira afirma que "neste momento, não teria sentido, pois o Brasil está incorporando o Gripen, fazendo um esforço grande para isso".
"Pensar em uma nova aeronave é uma preocupação para daqui a algumas décadas. O desenvolvimento de uma aeronave de combate é muito caro, e mesmo países com capacitação tecnológica e recursos financeiros se desenvolvem em conjunto. No futuro, se o Brasil desenvolver uma nova aeronave, provavelmente será em parceria com outros países."
O professor comenta que "o Gripen foi selecionado para atender a todos os requisitos da FAB em relação a uma aeronave de combate e superioridade aérea".
"Pensar em uma nova aeronave é uma preocupação para daqui a algumas décadas. O desenvolvimento de uma aeronave de combate é muito caro, e mesmo países com capacitação tecnológica e recursos financeiros se desenvolvem em conjunto. No futuro, se o Brasil desenvolver uma nova aeronave, provavelmente será em parceria com outros países."
O professor comenta que "o Gripen foi selecionado para atender a todos os requisitos da FAB em relação a uma aeronave de combate e superioridade aérea".
Desta forma, ele descreve o modelo como "multifuncional", atendendo às "funções de monitoramento, superioridade aérea, interceptação, ataque naval e suporte às forças terrestres em qualquer área do Brasil".
A Sputnik Brasil questionou a Embraer e a Saab a respeito de especificidades técnicas do modelo, bem como se há novas parcerias planejadas para o futuro.
No entanto, a empresa brasileira se limitou a informar, por meio de sua assessoria, que "as informações são diretamente com a assessoria da Saab", que não respondeu aos questionamentos da reportagem até a publicação.