Aliado mais próximo de Putin na Europa chega a Kiev para negociações sobre o conflito

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, chegou esta terça-feira a Kiev para conversações com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sua primeira visita ao país desde que a Rússia lançou a invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022.


Por Marni Rose McFall | Newsweek

A visita teve como objetivo discutir possibilidades de paz e relações bilaterais entre Hungria e Ucrânia, uma relação tensa pela posição controversa de Orbán sobre a guerra Rússia-Ucrânia.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, conversa com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, no edifício Europa, antes do início de uma reunião em 27 de junho de 2024 em Bruxelas, na Bélgica | THIERRY MONASSE/GETTY IMAGES

O Contexto

A visita de Orbán segue-se à assunção pela Hungria da presidência rotativa do Conselho da União Europeia, em 01 de julho de 2024. Esse papel de liderança ocorre em meio à preocupação generalizada com o retrocesso democrático da Hungria e seus laços estreitos com a Rússia. Conhecido como um dos aliados mais próximos do presidente russo, Vladimir Putin, dentro da UE, Orban frequentemente obstruiu os esforços do bloco para apoiar a Ucrânia e impor sanções a Moscou.

As autoridades húngaras afirmaram que atuarão como "corretores honestos" na posição de liderança do Conselho da UE.

Os críticos do governo húngaro dizem que ele centralizou o poder, restringiu a liberdade de imprensa, enfraqueceu a independência judicial e alterou as leis eleitorais para beneficiar o partido Fidesz, do qual Orbán é o líder.

Organismos internacionais, incluindo a UE, manifestaram preocupação com o fato de estas acções minarem os princípios da democracia.

O bloco congelou mais de US$ 20 bilhões em financiamento a Budapeste por supostas violações do Estado de Direito e corrupção, de acordo com a Associated Press. Orbán iniciou inúmeras campanhas de comunicação anti-UE, onde o órgão é descrito como repressivo e supercentralizado.

Embora a Hungria não seja a única nação a se abster de condenar a guerra contra a Ucrânia, sua postura é muito diferente de muitos membros da UE e da Otan. Assumiu uma posição maioritariamente neutra, empurrando uma mensagem genérica de paz.

A Newsweek entrou em contato com um representante do governo húngaro por e-mail para comentar.

O que sabemos

De acordo com o porta-voz de Orbán, Zoltan Kovacs, que confirmou que Orbán estava em Kiev, o foco das discussões com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, será alcançar a paz e abordar questões nas relações húngaro-ucranianas.

Orbán criticou a Ucrânia pelo que Budapeste descreve como proteções inadequadas para os direitos de sua minoria húngara, informou o Politico.

A Newsweek entrou em contato com um representante do governo ucraniano por e-mail para comentar a visita.

A visita ocorre após uma reunião não oficial entre os dois líderes em 27 de junho. Durante a cúpula do Conselho Europeu em Bruxelas naquele dia, Orbán e Zelensky foram vistos tendo o que foi descrito como uma discussão animada e franca.

O que vem por aí

A visita de Orbán pode sinalizar um potencial degelo nas relações húngaro-ucranianas, especialmente à medida que a Ucrânia continua a pressionar pela adesão à UE e maior apoio dos aliados europeus. Como a Hungria ocupa a presidência da UE pelos próximos seis meses, seu papel pode influenciar as políticas do bloco em relação à Ucrânia e o cenário geopolítico mais amplo. Os observadores estarão atentos para ver se esta visita conduz a mudanças substantivas na postura da Hungria ou nas políticas da UE.

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