Somente a força militar pode manter a paz com a China e o povo taiwanês não cederá à coerção chinesa, disse o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, nesta quarta-feira, quando os Estados Unidos concordaram em acelerar o pacote de armas para a ilha.
Por Ben Blanchard e Faith Hung | Reuters
TAIPÉ - A China, cujo governo considera Taiwan como parte de seu próprio território, realizou dois dias de jogos de guerra ao redor da ilha logo depois que Lai assumiu o cargo no mês passado, dizendo que era uma "punição" por seu discurso de posse, que Pequim denunciou como sendo repleto de contexto separatista.
Presidente de Taiwan, Lai Ching-te, visita academia militar em Kaohsiung 16/06/2024 REUTERS/Ann Wang |
Falando em uma coletiva de imprensa para marcar um mês desde que assumiu a Presidência, Lai disse que o povo de Taiwan "ama a paz".
"Mas a paz deve se basear na força, ou seja, evitar a guerra, preparando-se para a guerra para alcançar a paz. Promessas vazias não são paz verdadeira", disse ele.
A política nacional da China é anexar Taiwan, acrescentou Lai.
"Além do uso da força, nos últimos anos eles têm usado até mesmo medidas coercitivas não tradicionais para forçar Taiwan a sucumbir, mas Taiwan não cederá", disse ele.
Taiwan afirma que esses meios coercitivos incluem impedir a participação de Taiwan em órgãos e eventos internacionais, proibir ou taxar pesadamente certas exportações para a China e táticas de "zona cinzenta", como sobrevoar a ilha com balões.
Pouco antes de Lai falar com os repórteres no gabinete presidencial em Taipé, a Defense Security Cooperation Agency do Pentágono informou que o Departamento de Estado dos EUA havia aprovado a venda de drones e mísseis para Taiwan por um valor estimado em 360 milhões de dólares.
Os Estados Unidos são obrigados por lei a fornecer a Taiwan os meios para se defender, apesar da falta de laços diplomáticos formais, para a constante irritação de Pequim.
O Ministério da Defesa de Taiwan expressou sua gratidão, especialmente pelos esforços dos EUA para aumentar as vendas de armas para a ilha. Taiwan tem se queixado repetidamente de atrasos nas entregas.
"A equipe de gerenciamento especial Taiwan-EUA continua a trabalhar arduamente para melhorar a eficiência das operações de venda de armas entre os dois lados. Desta vez, o tempo de revisão administrativa foi significativamente reduzido", disse o ministério em um comunicado, sem entrar em detalhes.
Embora os Estados Unidos sejam o principal fornecedor internacional de armas de Taiwan, Lai e sua antecessora Tsai Ing-wen priorizaram o aumento das capacidades domésticas.
"Daqui para frente, continuaremos a fortalecer as capacidades de defesa de Taiwan, não apenas na compra de armas, mas também na autossuficiência em defesa", disse ele.
Lai ofereceu várias vezes conversações com a China, mas foi rejeitado.
Ele afirma que somente o povo de Taiwan pode decidir seu futuro e que os dois lados do Estreito de Taiwan "não estão subordinados um ao outro", o que ele disse aos repórteres ser o consenso da sociedade em Taiwan.