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21 junho 2024

Petróleo brasileiro do Pré-Sal está sendo vendido para Israel

Segundo uma reportagem publicada pelo Observatório do Clima, um veículo brasileiro dedicado ao jornalismo ambiental. Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, o Brasil é um dos cinco maiores fornecedores de petróleo cru para Israel. A Íntegra do levantamento pode ser lida aqui.


Gizele Martins | Monitor do Oriente Médio

Os dados foram obtidos a partir de um levantamento da organização Oil Change International. Além do Brasil, Estados Unidos, Azerbaijão, Cazaquistão, Gabão e Rússia dão suporte energético ao regime de Netanyahu.

Vista aérea do navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. [Tânia Rêgo/Agência Brasil]

Enquanto o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva faz um forte discurso contra o genocídio perpetrado por Israel em territórios ocupados da Palestina (Faixa de Gaza e Cisjordânia), a contraditória realidade é que o Brasil, através da Petrobrás, Shell e outras companhias seguem vendendo óleo cru do Pré-Sal para abastecer a máquina de guerra de israelense.

O governo de Israel considera Lula como persona-non grata no país, e ainda sim o Brasil segue realizando negócios com o regime de Netanyahu, comprando armas, tecnologias de vigilância e vendendo petróleo cru e processado. O fato é que uma das formas de parar o massacre de Israel contra os palestinos é promover um movimento de boicote econômico e de negócios contra o país, repetindo o que foi feito nos anos 1970 contra o regime de Apartheid da África do Sul. É hora de o Brasil colocar em prática seu discurso que condena os bombardeios e o genocídio de Israel contra os territórios ocupados da palestina. Este é o momento de romper as relações diplomáticas, comerciais, militares do Brasil com o Estado de Israel.

Petróleo cru e derivados

O levantamento aponta que Israel recebeu 260 mil toneladas de petróleo cru produzido em campos de propriedade conjunta da Shell e da Petrobrás desde 13 de outubro de 2023, até o último mês de janeiro de 2024. No período, segundo o levantamento, a quantidade de óleo cru foi enviada em duas viagens desde o porto de Santos-SP. A origem do óleo é da área do Pré-Sal dos seguintes campos de produção: Berbigão (130 mil toneladas), Tupi (43,33 mil), Iracema do Norte (43,33 mil) e Sapinhoá (43,33 mil). Os embarques foram realizados pelos navios-tanque Milos e Freud, respectivamente de bandeiras grega e de Ilhas Marshal, sendo estes descarregados em Port Said no Egito.

Além dessas áreas de produção, foi vendido para Israel, ao longo do ano de 2023, o petróleo cru produzido no campo de Búzios, de propriedade da Petrobrás. O total entre março e agosto de 2023 entregue para Israel foi de 390 mil toneladas. O estudo aponta ainda que foram exportados para os israelenses 80 mil toneladas de óleo combustível (produto refinado) e 130 mil em produtos petrolíferos (derivados).

Além do Porto de Santos (SP), foram utilizados o terminal do Açu (RJ); Terminal Petroleiro de São Sebastião -TEBAR (SP) e Terminal Petrobras Ilha Conceição (RJ). Os campos de Berbigão, Sapinhoá, Tupi, Iracema Norte e Iracema Sul são operados pela Petrobrás, que possui a maioria de participação, formando um consórcio com a Shell, Repsol Sinopec e Galp, entre outras.

Venda de petróleo cru é lesiva ao Brasil

Segundo reportagem publicada em 09/23 no site da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), o Brasil exporta volumes recordes de petróleo cru, que atingem os 1,5 milhão de barris diários, o equivalente a 45% da produção nacional. Cerca de 60% dessa exportação é realizada por empresas estrangeiras, com destaque para a Shell.

Em levantamento pelo Esquerda Diário, em dezembro de 2023, a partir da Lei de Acesso da Informação no site Fala BR da Controladoria Geral da União, processo 48023.003733/2023-69, identifica Israel como o 10º maior destinatário da Petrobrás em geral e, no caso de óleo cru, o nono, com um valor exportado em petróleo de mais US$1,1 bilhão, entre os anos de 2019 e 2023. Ainda, segundo a reportagem, considerando que o valor médio do petróleo Brent nos últimos cinco anos foi de US$71,56, por barril, e considerando o impraticável, da Petrobrás ter conseguido vender a custo da referência internacional do Brent, a empresa exportou 15.329.291 barris para Israel, respondendo sozinha por pelo menos 66 dias de todo o consumo do país.

Em artigo publicado em 04/09/23, o vice-presidente da AEPET, Felipe Coutinho afirma: “O Brasil está sendo submetido à exploração do tipo colonial, depois dos ciclos do pau-brasil, do açúcar, do ouro, prata e diamantes, do café, da borracha e do cacau, é a vez do ciclo extrativo e primário exportador do petróleo brasileiro” – relembra.

Para o engenheiro químico, o petróleo do Brasil tem sido exportado em volumes recordes, cerca de 1,5 milhões de barris de petróleo por dia, volume equivalente a 45% da produção de petróleo cru no país.

“Existe relação entre o consumo de energia, o crescimento econômico e desenvolvimento humano. O consumo per capita de energia no Brasil é muito baixo, quase seis vezes menor em relação aos Estados Unidos e quase cinco em relação à Noruega. No entanto, quase metade do petróleo produzido no Brasil não tem sido consumido no país, sendo exportado, em maior parte por multinacionais estrangeiras” – mostrando os prejuízos da exportação de petróleo cru.

Enquanto se exporta o petróleo cru do Brasil, o país importa cada vez mais seus produtos refinados. São importados mais de 600 mil barris de derivados de petróleo por dia, a maior parte produzida na Rússia e nos Estados Unidos.

Se vender petróleo cru já é um mal negócio, sendo lesivo a economia do Brasil, a situação se torna imoral e insustentável quando se faz negócio com um país, como Israel, que mantém regime colonialista e de Apartheid, promovendo ataques sistemáticos aos direitos humanos dos palestinos, massacre e agora um morticínio que já levou a vida de mais de 30 mil pessoas. É hora do Brasil dar um basta nas relações com Israel.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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