No contexto das recentes notícias sobre os entraves burocráticos que impedem o retorno ao serviço do Super Étendard Modernisé (SEM) da Marinha Argentina, é essencial examinar as críticas e os desafios enfrentados pela Aviação Naval em sua tentativa de reativar essas aeronaves. Apesar dos esforços para pôr em funcionamento alguns dos SEM adquiridos a França, a realidade levanta sérias dúvidas sobre a viabilidade e o valor estratégico desta iniciativa.
Zona Militar
Um dos pontos mais críticos é que as aeronaves SEM, trazidas da França, onde não operavam mais e foram descomissionadas, apresentam não apenas problemas de certificação, mas também uma carga horária de voo remanescente muito limitada, aproximadamente 60. Estas limitações, segundo várias fontes oficiais que falaram com a Zona Militar, questionam a justificação do investimento necessário e os complexos processos de certificação necessários para colocar estas aeronaves de volta ao serviço. De várias áreas do Ministério da Defesa, argumenta-se que o número de horas de voo restantes não justifica o esforço e os custos envolvidos, especialmente quando não se visualiza uma contribuição significativa para o atual sistema de Defesa Nacional.
Super Etendard – Super Etendard Modernise – Comando de Aviação Naval |
A situação é ainda mais complexa considerando que a Aviação Naval tem recebido críticas por tentar pilotar aeronaves com limitações significativas e sem um plano claro de como elas contribuiriam para o sistema de armas em termos de armamento lançável e outras capacidades operacionais. A expectativa do Ministério da Defesa é receber um plano que contemple não só o fato de voar o Super Étendard, mas também integre sua operação dentro dos planos gerais de Defesa Nacional, proporcionando valor estratégico tangível.
Nesse contexto, alguns especialistas acreditam que uma opção mais sensata seria modernizar a aviônica do SUE com os sistemas de aeronaves que a Argentina incorporou e que têm um horizonte de voo muito mais longo. No entanto, até agora, essa proposta não foi formalmente levantada, o que aumenta as dúvidas sobre o futuro do sistema Super Étendard na Argentina. Sem um plano sólido e justificado, a possibilidade de essas aeronaves voltarem a operar permanece incerta.
Além dos problemas técnicos e estratégicos, circulou forte desinformação nas últimas semanas sobre a possível transferência dessas aeronaves para a Ucrânia. Essas informações, divulgadas de forma maliciosa ou não, têm gerado confusão e preocupação. No entanto, foi confirmado que o Super Étendard permanecerá com as cores argentinas. No entanto, sem um plano real e coerente, o sistema pode não voltar a voar, deixando no ar a questão de sua utilidade.
Com base nessas considerações, pode-se mencionar que, sem um plano detalhado que vislumbre um horizonte operacional preciso, o apoio ministerial para que o sistema Super Etendard volte a voar não existirá, apesar de os comentários assim que a gestão tomou posse terem sido positivos em termos de tornar essa capacidade operacional novamente.