Presidente criticou o governo israelense ao fim da cúpula do G7, voltando a chamar a ação militar em Gaza de “genocídio”
Américo Martins | CNN
Itália - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o governo de Israel e, em especial, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
“O que eu falei na primeira entrevista que eu dei, na União Africana, sobre o que aconteceu em Israel, eu mantenho 150%. Mantenho 150%. E aconteceu, porque o primeiro-ministro de Israel não quer resolver o problema. Ele quer aniquilar os palestinos. Isso está visível em cada gesto dele, em cada ato dele”, afirmou o presidente durante uma entrevista na região de Puglia, na Itália, ao fim da cúpula do G7.
Lula se referia a uma entrevista que concedeu ao fim da reunião de Cúpula da União Africana, em Addis Abeba, na Etiópia, em fevereiro. Na ocasião, o presidente brasileiro disse que Israel estava “cometendo genocídio” na Faixa de Gaza.
Na mesma entrevista na África, o presidente fez um paralelo entre o extermínio de judeus pelo regime nazista de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial e as atuais ações militares de Israel na Faixa de Gaza.
O episódio levou a um forte repúdio do governo israelense, que convocou o então embaixador brasileiro no país, Frederico Meyer, ao Museu do Holocausto, em Jerusalém, para explicar as declarações.
Na ocasião, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, também deu uma entrevista para a imprensa ao lado do embaixador, criticando o presidente brasileiro, mas falando em hebraico – língua na qual Meyer não é fluente, o que foi considerado um desrespeito pelo Itamaraty.
Logo depois, o governo brasileiro decidiu retirar Meyer do posto em Israel e o designou para uma posição na Suíça, reduzindo o nível diplomático das relações bilaterais.
Na Itália neste sábado (15), Lula voltou a dizer que Israel está cometendo um “genocídio”.
“Não dá para a gente deixar de enxergar o que está acontecendo lá. Não dá. é efetivamente um genocídio contra mulheres e crianças, o que está acontecendo. E é triste, mas o tempo se encarregou de mostrar que eu tinha razão quando eu fiz a crítica num primeiro momento”, afirmou o líder brasileiro.
Lula também questionou a possibilidade de o governo israelense cumprir com determinações da Corte Internacional de Justiça, o mais importante tribunal da ONU, que ordenou a suspensão de planos para uma incursão terrestre de tropas na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza – onde mais de um milhão de palestinos buscaram refúgio desde o início da guerra.
“Vamos ver se ele (Netanyahu) vai cumprir a decisão do tribunal internacional. Vamos ver se ele vai cumprir a decisão tirada na ONU agora. É por isso que defendemos uma mudança na ONU. Porque a ONU, quando ela tomar uma decisão, ela tem que ser cumprida”, disse ele.
Por fim, Lula defendeu a criação do Estado da Palestina, convivendo harmonicamente com Israel.
“Eu quero dizer alto e bom som: só serão resolvido os conflitos no Oriente Médio entre o governo de Israel e o povo palestino o dia em que a ONU tiver força para implementar a decisão que demarcou o território (palestino) em 1967. E deixar os palestinos construir a sua pátria livremente, e viver harmonicamente com o povo judeu”, afirmou.