Os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica já foram avisados: o governo Lula (PT) não tem a intenção de mexer na aposentadoria dos militares.
Carla Araújo e Lucas Borges Teixeira | UOL
Brasília - O recado foi transmitido pelo ministro da Defesa, José Múcio, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula, os comandantes das Forças Armadas e José Múcio, ministro da Defesa, na tribuna do 7 de Setembro | Ricardo Stuckert |
A possibilidade foi levantada pela equipe econômica, encampada pela ministra do Planejamento, Simone Tebet. O plano seria incluir a revisão no pacote de corte de gastos que ela e o colega Fernando Haddad (Fazenda) devem entregar a Lula no início de julho.
"Eu falei pro Múcio: 'pode avisar aos comandantes que isso nem passa pela minha cabeça'", contou o presidente ao UOL, na última quarta-feira, após conceder entrevista exclusiva. Apesar de se mostrar disposto a evitar problemas com as Forças Armadas, o presidente ponderou que também pediu ao ministro que segurasse qualquer pressão vinda da caserna: "Falei pra não ficarem pressionando".
Recado recebido e repassado
Questionado se passou a mensagem de Lula adiante, o ministro respondeu que sim. "Eu passei para os comandantes. O presidente Lula sabe que o regime dos militares é diferente. E disse mesmo que é algo que não passa pela cabeça dele de jeito nenhum, que não está no radar", afirmou Múcio à coluna.
O ministro defende que não há razões para que se mexa na aposentadoria apenas dos militares, mas admite que se o tema for mais amplo, as Forças Armadas podem sentar para negociar. "Os militares são diferentes dos civis. Não há na lei deles hora extra, por exemplo, há mobilidades geográficas e eles têm que estar sempre de prontidão", afirmou.
TCU aponta déficit proporcionalmente maior dos militares
A equipe econômica discorda de Múcio, com base no relatório do TCU (Tribunal de Contas de União), divulgado no início do mês. O texto, que Tebet e Haddad usaram como base para conversar sobre gastos com Lula, aponta que o gasto per capita do regime previdenciário dos militares chega a ser 16 vezes maior do que o dos civis, pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).