Israel anunciou nesta quarta-feira uma nova campanha militar contra o Hamas na região central da Faixa de Gaza, onde médicos palestinos disseram que dezenas de pessoas foram mortas em ataques aéreos, complicando as esperadas conversas entre mediadores para tentar finalizar um acordo de cessar-fogo.
Por Nidal al-Mughrabi | Reuters
CAIRO - Pelo menos 44 palestinos foram mortos em ataques militares israelenses em áreas centrais da Faixa de Gaza desde terça-feira, disseram autoridades de saúde no enclave.
Tanques de Israel perto da fronteira de Gaza 4/6/2024 REUTERS/Amir Cohen |
"Os sons dos bombardeios não pararam a noite toda", afirmou Aya, de 30 anos, uma mulher desabrigada em Deir Al-Balah.
Os militares israelenses disseram que os jatos estavam atingindo alvos militantes do Hamas na região central de Gaza, enquanto as forças terrestres estavam operando "de forma focada, com orientação da inteligência" na área de Al-Bureij - um dos assentamentos de refugiados há muito estabelecidos em Gaza.
"As forças da 98ª Divisão iniciaram uma campanha precisa nas áreas de East Bureij e East Deir al-Balah, acima e abaixo do solo ao mesmo tempo", informou um comunicado militar israelense.
Moradores disseram que as forças israelenses enviaram tanques para Bureij e aviões e tanques bombardearam os assentamentos próximos de Al-Maghazi e Al-Nuseirat, bem como a cidade de Deir Al-Balah, onde os tanques não invadiram.
"Toda vez que falam sobre novas negociações de trégua, a ocupação usa uma cidade ou um campo de refugiados como cartão de pressão. Por que os civis, pessoas seguras dentro de suas casas ou barracas, devem pagar o preço? Por que os árabes e o mundo não podem parar a guerra?", disse Aya à Reuters por meio de um aplicativo de mensagem.
NEGOCIAÇÕES DE CESSAR-FOGO
Aya, como muitos na Faixa de Gaza, afirmou que as pessoas estavam esperançosas com os relatos da mídia estatal egípcia de que autoridades de Estados Unidos, Catar e Egito se reuniriam em Doha na quarta-feira para tentar avançar em um acordo de cessar-fogo que também libertaria alguns reféns israelenses e prisioneiros palestinos.
"Estamos aguardando uma resposta do Hamas" por meio dos mediadores do Catar, disse o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, aos repórteres na terça-feira, referindo-se a uma proposta de cessar-fogo que o presidente dos EUA, Joe Biden, revelou na sexta-feira.
O Catar afirmou na terça-feira que a proposta estava agora muito mais próxima das posições de ambos os lados.
O Hamas disse que vê o conteúdo do plano de forma positiva e criticou Washington pelo que descreveu como tentativas de culpar o grupo militante palestino por dificultar o plano.
Mas um porta-voz do Hamas, que governa Gaza desde 2007, reiterou na terça-feira que não poderia concordar com um acordo, a menos que Israel assuma um compromisso "claro" com uma trégua permanente e a retirada completa de Gaza. Israel diz que não pode fazer isso até que o Hamas seja eliminado.