Oficial do grupo palestino afirma que resgate evidencia falhas de Israel na guerra em Gaza
Nidal al-Mughrabi e Enas Alashray | Reuters
Cairo - O Hamas disse no sábado que ainda mantém sob cativeiro a maioria dos reféns capturados em 7 de outubro e que poderia aumentar esse número, horas depois de as Forças de Defesa de Israel resgatarem quatro reféns detidos pelo grupo palestino em uma operação no centro da Faixa de Gaza.
Forças israelenses dizem ter encontrado um túnel de 10 km de comprimento que liga o norte e o sul da Faixa de Gaza | Exército de Israel |
Um oficial do Hamas disse à Reuters neste sábado (8) que a libertação do grupo depois de nove meses de guerra “é um sinal de que eles falharam. E não uma conquista”.
Segundo comunicado da autoridade de saúde de Gaza, a operação na região central do enclave deixou 210 palestinos mortos e outros 400 feridos.
Netanyahu renova compromisso com reféns
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse neste sábado (8) que Israel não cede ao terrorismo e que está operando “de forma criativa e corajosa” para trazer para casa os reféns detidos pelo Hamas em Gaza.
“Estamos empenhados em fazê-lo também no futuro. Não desistiremos até completarmos a missão e devolvermos para casa todos os reféns – tanto os vivos como os mortos”, disse Netanyahu.
Operação de resgate
Os quatro reféns resgatados foram encontrados no campo de refugiados de Nuseirat, na região central da Faixa de Gaza. As Forças de Defesa de Israel afirmam que levaram semanas para planejar o resgate, que incluiu também apoio do serviço de inteligência nacional do país e de uma unidade especial da polícia. A CNN ouviu de um oficial do exército americano que EUA também deram apoio de inteligência à operação.
Segundo comunicado divulgado neste sábado, o objetivo da ação era desmobilizar a “infraestrutura terrorista” instalada na região.
Os militares também foram mobilizados para áreas próximas do campo de refugiados, como Deir al-Balah e al-Zawaideh.
O número de palestinos mortos na operação ainda é incerto. E continua subindo conforme as autoridades de saúde do enclave recebem os feridos em um hospital na área central de Gaza. Até aqui, já foram confirmadas mais de duzentas mortes. Não se sabe quantos deles eram civis e quantos eram militantes do Hamas.
Um policial israelense também morreu durante o combate.
Quem são os reféns libertados neste sábado?
Os quatro reféns libertados neste sábado (8) estavam no festival de música Nova, em 7 de outubro, perto da fronteira entre Israel e Gaza, quando foram capturados pelo Hamas, naquele que muitos consideram um dos dias mais sombrios da história de Israel.
Veja quem são os quatro resgatados na operação deste sábado, segundo o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos:
Almog Meir Jan é um jovem de 22 anos da pequena cidade de Or Yehuda, nos arredores de Tel Aviv. Meir Jan deveria começar um novo emprego em uma empresa de tecnologia em 8 de outubro, um dia após os ataques do Hamas. O grupo de defesa o descreveu como um jovem “educado” e “prestativo” com um “sorriso largo e caloroso”.
Shlomi Ziv é um homem de 41 anos que trabalhava como segurança no festival de música quando foi sequestrado. Ziv viveu no moshav local, ou assentamento agrícola, durante 17 anos com sua esposa Miren. O grupo o descreveu como uma figura do tipo “irmão mais velho” que é “sempre o primeiro a ajudar” os necessitados.
Andrey Kozlov é um residente de 27 anos de Rishon LeZion, uma cidade a cerca de 8 quilômetros ao sul de Tel Aviv. Ele também trabalhava como segurança no festival Nova, no dia 7 de outubro. Ele é um cidadão russo que imigrou para Israel há um ano. Em janeiro, o diplomata russo Mikhail Bogdanov apelou à libertação de Kozlov e de dois outros cidadãos russos também detidos pelo Hamas.
Noa Argamani tem 25 anos e estuda gerenciamento de sistemas de informação na Universidade Ben-Gurion de Negev, em Israel. Ela rapidamente se tornou um símbolo dos ataques de 7 de outubro depois que surgiu um vídeo dela sendo sequestrada por combatentes do Hamas em uma motocicleta. O namorado de Argamani, Avinatan Or, também foi sequestrado no festival e permanece em cativeiro pelo Hamas. De acordo com o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidas, Argamani é uma entusiasta de ioga e arte que gosta de fazer caminhadas nas horas vagas.