Guerra na Ucrânia e aumento das vendas à Arábia Saudita impulsionaram faturamento da indústria bélica de 7,48 bilhões de euros com negócios no exterior somente no primeiro semestre de 2024.
Revista Planeta
As exportações de armas da Alemanha aumentaram 30% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior, conforme dados do Ministério da Economia divulgados neste domingo (30/06).
Entre 1º de janeiro e 18 de junho, o valor total de exportações aprovadas pelo governo foi de pelo menos 7,48 bilhões de euros (R$ 44,83 bilhões), ou 60% do total de 2023.
Se o ritmo de vendas for mantido pelo restante do ano, a Alemanha deverá superar o recorde histórico do ano passado, quando o país exportou 12,2 bilhões de euros (R$ 73,1 bilhões) em armas – desempenho que se deveu principalmente à guerra na Ucrânia.
Das licenças de exportação concedidas em 2023, cerca de 6,44 bilhões de euros (R$ 38,6 bilhões) foram para armas de guerra e 5,76 bilhões de euros (R$ 34,52 bilhões) para outros equipamentos militares, incluindo veículos blindados.
O aumento das exportações ocorre apesar da promessa do então recém-empossado governo de coalizão do chanceler federal Olaf Scholz de restringir as entregas de armas, especialmente para países não membros da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Os três partidos que compõem a coalizão – sociais-democratas (SPD), Verdes e liberais (FDP) – planejavam uma legislação para ajudar nesses controles.
Meses depois que o governo de Scholz assumiu o poder, em fevereiro de 2022, a Ucrânia foi invadida por tanques russos. Esse momento foi decisivo para uma virada de chave na política de defesa da coalizão de Scholz, que acabou arquivando os planos de restringir as exportações de armas.
Durante o primeiro ano da guerra, em 2022, Berlim aprovou entregas de armas para Kiev no valor de 2,24 bilhões de euros (R$ 13,43 bilhões), incluindo sistemas de defesa aérea e artilharia pesada.
Em 2023, com o acordo para entrega de tanques de batalha Leopard 2, as permissões de exportação à Ucrânia aumentaram para 4,4 bilhões de euros (R$ 26,37 bilhões).
A Alemanha é o segundo maior fornecedor de armas para a Ucrânia, atrás somente dos Estados Unidos.
Desde o início da a guerra, em fevereiro de 2022, a Alemanha reservou 10,2 bilhões de euros (R$ 61,13 bilhões) em ajuda militar a Kiev, segundo dados do Instituto Kiel para a Economia Mundial (IfW Kiel) – essa verba, porém, não inclui só exportações de armas.
A Arábia Saudita voltou ao topo da lista de compradores após Berlim afrouxar as restrições às exportações de armas para o Reino do Golfo em julho do ano passado.
A Alemanha havia interrompido as vendas de armas para o país rico em petróleo devido ao assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em 2018, assassinado brutalmente dentro do consulado saudita em Istambul. Outro motivo citado para as restrições de exportação era o envolvimento da Arábia Saudita na guerra civil que assola o Iêmen – desde então, Riad reduziu as hostilidades contra seu vizinho.
O ministério alemão da Economia ressaltou que as aprovações ao reino saudita estavam ligadas a projetos conjuntos com outros parceiros da Otan ou da UE.
Dagdelen denunciou o aumento das exportações de armas para “zonas de guerra e crise” como “irresponsável” e acusou a coalizão de Scholz de quebrar suas promessas eleitorais.
Na semana passada, Wagenknecht alertou o Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, que a política de exportação de armas do governo de Scholz poderia “nos levar, passo a passo, a uma grande guerra europeia”.
Com informações da dpa.
Das licenças de exportação concedidas em 2023, cerca de 6,44 bilhões de euros (R$ 38,6 bilhões) foram para armas de guerra e 5,76 bilhões de euros (R$ 34,52 bilhões) para outros equipamentos militares, incluindo veículos blindados.
O aumento das exportações ocorre apesar da promessa do então recém-empossado governo de coalizão do chanceler federal Olaf Scholz de restringir as entregas de armas, especialmente para países não membros da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Os três partidos que compõem a coalizão – sociais-democratas (SPD), Verdes e liberais (FDP) – planejavam uma legislação para ajudar nesses controles.
Meses depois que o governo de Scholz assumiu o poder, em fevereiro de 2022, a Ucrânia foi invadida por tanques russos. Esse momento foi decisivo para uma virada de chave na política de defesa da coalizão de Scholz, que acabou arquivando os planos de restringir as exportações de armas.
Maior parte das exportações teve como destino a Ucrânia
Quase dois terços das exportações no primeiro semestre de 2024 foram destinadas à Ucrânia, um recorde de 4,88 bilhões de euros (R$ 29,25 bilhões).Durante o primeiro ano da guerra, em 2022, Berlim aprovou entregas de armas para Kiev no valor de 2,24 bilhões de euros (R$ 13,43 bilhões), incluindo sistemas de defesa aérea e artilharia pesada.
Em 2023, com o acordo para entrega de tanques de batalha Leopard 2, as permissões de exportação à Ucrânia aumentaram para 4,4 bilhões de euros (R$ 26,37 bilhões).
A Alemanha é o segundo maior fornecedor de armas para a Ucrânia, atrás somente dos Estados Unidos.
Desde o início da a guerra, em fevereiro de 2022, a Alemanha reservou 10,2 bilhões de euros (R$ 61,13 bilhões) em ajuda militar a Kiev, segundo dados do Instituto Kiel para a Economia Mundial (IfW Kiel) – essa verba, porém, não inclui só exportações de armas.
Retomada dos negócios com a Arábia Saudita
Os outros quatro principais países compradores de armas alemãs foram Singapura, com 1,21 bilhão de euros (R$ 7,25 bilhões); Índia, com 153,75 milhões de euros (R$ 921,51 milhões); Arábia Saudita, com 132,48 milhões de euros (R$ 794,03 milhões); e Catar, com 100 milhões de euros (R$ 599,36 milhões).A Arábia Saudita voltou ao topo da lista de compradores após Berlim afrouxar as restrições às exportações de armas para o Reino do Golfo em julho do ano passado.
A Alemanha havia interrompido as vendas de armas para o país rico em petróleo devido ao assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em 2018, assassinado brutalmente dentro do consulado saudita em Istambul. Outro motivo citado para as restrições de exportação era o envolvimento da Arábia Saudita na guerra civil que assola o Iêmen – desde então, Riad reduziu as hostilidades contra seu vizinho.
O ministério alemão da Economia ressaltou que as aprovações ao reino saudita estavam ligadas a projetos conjuntos com outros parceiros da Otan ou da UE.
Parlamentar de esquerda denuncia exportações como “irresponsáveis”
Os dados foram divulgados após um pedido do parlamentar alemão Sevim Dagdelen, da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) – partido populista de esquerda fundado em janeiro pela política de mesmo nome e ex-cacique do partido A Esquerda –, e publicados pela agência alemã de notícias DPA.Dagdelen denunciou o aumento das exportações de armas para “zonas de guerra e crise” como “irresponsável” e acusou a coalizão de Scholz de quebrar suas promessas eleitorais.
Na semana passada, Wagenknecht alertou o Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, que a política de exportação de armas do governo de Scholz poderia “nos levar, passo a passo, a uma grande guerra europeia”.
Com informações da dpa.