Conforme anunciado pela Zona Militar em março passado, a Marinha Argentina concluiu o descomissionamento e a radiação do contratorpedeiro MEKO 360 ARA "Heroína". O evento coincidiu com a comemoração de um novo aniversário da Divisão de Destroieres da Frota Marítima, realizada ontem, 13 de junho, na Base Naval de Puerto Belgrano.
Zona Militar
A radiação do serviço da ARA Heroína põe fim à história de um navio de combate que não navegava há pelo menos 15 anos. Mais precisamente desde 2008, quando problemas com a "roda lenta" da unidade a deixaram definitivamente no porto. Isso se deve, em parte, ao fato de que a peça problemática foi enviada para reparo à empresa David Brown Gear Systems Ltd., com sede no Reino Unido, sendo retida pelas autoridades britânicas como resultado do embargo e das restrições impostas à Argentina para a aquisição de material bélico dessa origem.
Embora em 2018 as melhorias nas relações diplomáticas entre os dois países tenham feito com que o Ministério da Defesa retomasse as negociações para recuperar a roda lenta, o alto custo a ser pago por sua guarda teria sido um dos motivos que determinaram a desistência de sua repatriação. Além disso, se os custos acima referidos tivessem sido pagos, não havia garantia de que as autoridades britânicas libertariam a referida peça do navio da classe MEKO 360.
Por ocasião das palavras proferidas pelos comandantes navais ontem, as pronunciadas pelo Capitão Nonide, Comandante da Divisão de Destroieres da Marinha Argentina, ressoam fortemente para sintetizar o presente da força, que constitui, com mais de quarenta anos em seus cascos, o principal meio de combate no mar que a Nação possui.
Ele indicou que: "os navios nada mais são do que um projétil sem suas tripulações; as pessoas a bordo e no terreno são o que identificam esta Divisão. As virtudes da temperança e da disciplina diante das adversidades; Coragem para fazer o que é certo, modéstia e generosidade são as características dos marinheiros. Essas qualidades nos permitirão nos preparar para um futuro brilhante para nossa Marinha." E acrescentou: "Que este aniversário nos sirva para refletir sobre o nosso passado glorioso e olhar para o futuro com a certeza de que a Divisão de Destroieres continuará a ser o pilar da defesa da nossa Nação no mar".
Olhando para o futuro, com o descomissionamento do ARA Heroína, a Marinha Argentina terá para os próximos anos os contratorpedeiros ARA "Almirante Brown" (D-10), ARA "La Argentina" (D-11) e ARA "Sarandí" (D-13). Os dois últimos participaram recentemente do Exercício Gringo-Gaúcho II com meios e pessoal da Marinha dos Estados Unidos.
Embora vários planos de modernização e atualização estejam em análise e avaliação, a realidade indica que, a médio prazo, a Marinha Argentina terá que iniciar um grande plano de renovação naval para seus principais meios de combate, seja com a incorporação de navios novos ou usados que atuem como paliativo. A situação não é apresentada apenas pela Divisão de Destroieres mencionada hoje, mas também pela Divisão de Corvetas; um presente que também é compartilhado pelo Comando da Força de Submarinos e pelo Comando de Aviação Naval.
O descomissionamento da ARA Heroína e a situação que levou ao seu descomissionamento são um lembrete de que, longe de mensagens triunfalistas, a Marinha argentina está entrando lentamente em um período crítico de mais perda de capacidades se medidas concretas e necessárias não forem tomadas para reverter esse presente e se projetar para entrar definitivamente no século 21.