Conforme relatado em março passado, a Marinha Argentina concluiu oficialmente o descomissionamento definitivo e a radiação do ARA "Hercules" Multipurpose Rapid Transport (B-52), que originalmente era um contratorpedeiro Tipo 42.
Zona Militar
A notícia põe fim à história de um navio com uma longa história, incluindo a sua participação na Operação Rosário, com a qual as Ilhas Malvinas foram recuperadas após séculos de ocupação ilegal pelo Reino Unido. É também um exemplo das vicissitudes pelas quais a Frota Marítima passou (e está passando) para sustentar seus meios de superfície, uma vez que o Hércules, como seu navio irmão ARA Santísima Trinidad, foi desativado sem um substituto ou capacidades semelhantes para tomar seu lugar.
Ontem, 19 de junho, tendo como marco a Base Naval de Puerto Belgrano (BNPB), o Comandante da Frota Marítima, Contra-Almirante Gustavo Fabián Lioi Pombo, conduziu a cerimônia que encerrou a história do ARA Hércules com a Marinha Argentina. Ao mesmo tempo, outras autoridades navais, Comandantes e tripulações de unidades sediadas no BNPB, ex-Comandantes do navio e Veteranos da Guerra das Malvinas participaram da cerimônia do último abaixamento da bandeira nacional, retirada de sua Bandeira de Guerra e passagem ao status de navio irradiado.
"É um dia em que temos sentimentos contraditórios. Por um lado, somos invadidos por um turbilhão de emoções de profunda nostalgia e tristeza resignada. Mas, por outro lado, devemos enfrentá-lo com a devida galhardia naval", disse o Segundo Comandante responsável pelo TRHE, Tenente-Comandante Sergio Daniel Podoba. E acrescenta: "O Hércules viu-me crescer como Cadete Naval, treinou-me como oficial da Marinha e ensinou-me a ser o seu Segundo Comandante. Hoje, certamente podemos atestar que ele nos encheu de dias gloriosos e cumpriu seu dever".
Por sua vez, nas palavras dos Veteranos de Guerra do Conflito do Atlântico Sul, o Contra-Almirante (RE) Guillermo Ramón Delamer leu as palavras enviadas pelo Almirante VGM (RE) Enrique Emilio Molina Pico, que foi o Comandante da Unidade durante o Conflito do Atlântico Sul. "Todo navio não é um conjunto de sistemas que se mantém em equilíbrio, na verdade ele tem um espírito, uma alma que o caracteriza e que lhe é transferido por sua tripulação. Nosso navio é um caso especial; moldou seu caráter em uma situação extrema, intervindo em uma campanha de guerra de condição histórica".
Outro que deu um recado importante foi o vice-almirante VGM (RE) Álvaro José Martínez, que fez parte da tripulação do ARA Hércules, ao expressar que: "Ao baixar esta gloriosa bandeira que voa desde 1976, podemos dizer que o ARA 'Hércules' cumpriu sua missão de defender a Pátria e os mais nobres ideais. Escreveu seu nome em letras indeléveis nos anais do feito naval argentino. Seu legado não pertence ao passado. O espírito inovador, a dedicação inabalável e o profissionalismo que o caracterizaram são os mesmos que devem nortear a jornada das novas gerações de velejadores."
O desmantelamento do ARA Hércules soma-se à recente radiação do serviço do contratorpedeiro MEKO 360 ARA Heroine. Ambos os navios atravessaram uma situação semelhante, já que anos atrás, devido a várias vicissitudes, não navegavam. Entre eles está o embargo mantido pelo Reino Unido para a aquisição de material e componentes de origem britânica, embora isso não diminua a responsabilidade do Poder Político que, face aos vários planos de reequipamento formulados, tem acompanhado com o apoio necessário para que os sistemas e plataformas de armas desativados sejam substituídos por novos. Essa é uma responsabilidade não de uma administração, mas de todo o arco político que ocupou os escritórios do Edifício Libertador até hoje.