Diretor-geral da Aiea, Rafael Grossi, alertou sobre ataques diretos à usina nuclear de Zaporizhzhia na Ucrânia, destacando a extrema gravidade e a necessidade de manter o engajamento técnico para evitar acidentes nucleares com consequências radiológicas, durante a reunião em Viena.
ONU News
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas, Aiea, Rafael Grossi, alertou nesta segunda-feira sobre "ataques diretos" à usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, durante a reunião anual da Assembleia de Governadores em Viena, na Áustria.
O diretor geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi, visita a Usina Nuclear de Zaporizhzhya e seus arredores com sua equipe durante uma visita oficial à Ucrânia (arquivo) | Aiea/Fredrik Dahl |
Grossi classificou os ataques como "de extrema gravidade", destacando a situação precária e frágil ao redor da usina. Ele ressaltou a necessidade de manter o engajamento técnico da Missão de Apoio e Assistência da Aiea para evitar acidentes nucleares com consequências radiológicas.
Situação frágil
Ele acrescentou que, desde a última reunião do grupo, a central nuclear de Zaporizhzhia sofreu ataques diretos pela primeira vez em quase um ano e meio, afirmando que esses incidentes são de extrema gravidade. Para Grossi, isso destaca a situação "precária e muito frágil" em torno da usina.
Grossi visitou Kaliningrado na semana passada e disse que continuará as consultas e se reunirá com o ministro de energia da Ucrânia.
Em sua declaração, Grossi destacou que esses ataques violaram o primeiro dos cinco princípios concretos de proteção da central nuclear de Zaporizhzhia. Segundo ele, os ataques e a frequente desconexão das linhas de energia fora do local devido à atividade militar estão criando uma situação grave.
Conselho de governadores
O Conselho de governadores da agência é um dos dois órgãos de formulação de políticas da Aiea, juntamente com a Conferência Geral anual dos Estados-membros.
O grupo examina e faz recomendações à Conferência Geral sobre os demonstrativos financeiros, o programa e o orçamento. Ele considera os pedidos de filiação, aprova os acordos de salvaguarda e a publicação dos padrões de segurança da Aiea e nomeia o diretor geral da Aiea, com a aprovação da Conferência Geral.
O Conselho geralmente se reúne cinco vezes por ano: em março e junho, duas vezes em setembro e em novembro.
Ataques à Kharkiv
Da Ucrânia, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários diz que os ataques a Kharkiv, no leste do país, continuaram no fim de semana e hoje.
As autoridades locais relatam baixas civis, inclusive entre crianças, e danos à infraestrutura civil. Desde a escalada da guerra em 2022, quase 90 crianças foram mortas e mais de 320 ficaram feridas somente na região de Kharkiv, de acordo com as autoridades.
Programa Nuclear do Irã
Globalmente, Grossi enfatizou a importância de fortalecer as estruturas legais e as proteções, principalmente em relação à conformidade do Irã e da Coreia do Norte com as obrigações internacionais. Ele também mencionou os esforços para se envolver com a Síria a fim de abordar as atividades nucleares passadas e as preocupações com a proliferação.
Abordando o tema do programa nuclear iraniano, o chefe da Aiea disse que os estoques de urânio enriquecido do país continuam crescendo, incluindo urânio enriquecido a 60%.
Segundo ele, a agência “perdeu a continuidade do conhecimento sobre a produção e os estoques de centrífugas, rotores e foles, água pesada e concentrado de minério de urânio”, já que está sem acesso às instalações nucleares iranianas há mais de três anos
A Aiea continua monitorando o desenvolvimento do programa nuclear da Coreia do Norte. Em particular, a agência observou a descarga de água quente do sistema de resfriamento do reator de água leve em Yongbyon.
Segundo Grossi, há indícios do funcionamento do reator e da usina de enriquecimento de urânio. No final de fevereiro de 2024, começaram as obras de construção de uma extensão do edifício principal do complexo em Kangsong.
No local de testes nucleares em Punggye-ri, há prontidão para um novo teste nuclear, o que, segundo o chefe da Aiea, contradiz as resoluções do Conselho de Segurança.