Artigo publicado pelo presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil) tem gerado críticas à direita e à esquerda
Mônica Bergamo | Folha de S.Paulo
O presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil), Claudio Lottenberg, tem recebido críticas à direita a à esquerda desde que publicou um artigo em que afirmava que "o palestino é esmagadoramente violento, misógino, homofóbico e antidemocrático".
O então secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, durante solenidade em Brasília - Carolina Antunes - 18.dez.2019/PR |
Após o coletivo progressista Judias e Judeus pela Democracia de SP divulgar um manifesto em que diz ter recebido o texto com "consternação" e apontar o que seria uma "visão racista", agora é o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, hoje advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quem diz ser "lamentável" a opinião manifestada pelo dirigente da entidade judaica.
"O povo palestino é vítima do grupo terrorista Hamas. Nenhuma generalização é aceita, nem representa a opinião da maioria judaica. Já passou da hora da comunidade judaica respirar ares novos em detrimento de egocentrismo que só a coloca em dificuldades no Brasil", escreveu Wajngarten no X (antigo Twitter).
Lottenberg publicou o artigo na segunda-feira (20), no UOL, na condição de colunista convidado, e o republicou na página oficial da Conib.
Intitulada "Colocando os pingos nos is", a publicação questiona "o posicionamento dos que se dizem progressistas diante da questão palestina e da guerra em Gaza".
"Tudo o que os progressistas afirmam endossar é traído e cuspido pelo palestinismo. O movimento nacionalista palestino é um movimento de libertação nacional, mas não é um movimento pela libertação das pessoas. Todas as evidências são de que os palestinos em uma Palestina independente apoiada pelo Hamas e pelo Irã não seriam mais livres e provavelmente menos livres do que são agora", afirma ele.
Em outro trecho, Lottenberg diz: "O palestino é esmagadoramente violento, misógino, homofóbico e antidemocrático", questionando se faria sentido incluir na agenda progressista a pauta da existência de um estado Palestino sem questionar essas características.
Depois da repercussão da declaração, Lottenberg suprimiu esta passagem de seu texto.
Questionado pela coluna, ele respondeu por meio de sua assessoria de imprensa: "Lamento que meu texto tenha provocado interpretações diferentes da que eu pretendia. Por isso, pedi para suprimir o trecho em questão".
Em outro momento, ele afirma que "se colocarmos toda a culpa em Israel e então a 'Palestina' se tornar independente sob uma tirania violenta, misógina, homofóbica e antidemocrática, quem vamos culpar? Os progressistas não enxergam isto?'."
O coletivo Judias e Judeus pela Democracia de SP afirma que "ao tratar o movimento nacional palestino como um bloco monolítico e responsabilizar todo o povo pelas ações de seus líderes, projetando nele a origem de todo o mal, o autor deslegitima a luta palestina por sua autodeterminação a partir de uma visão racista".
com Bianka Vieira, Karina Matias e Manoella Smith