Familiares de sequestradas divulgaram imagens para pressionar governo de Benjamin Netanyahu
Rob Picheta | CNN
Famílias de sete soldados israelenses capturadas pelo Hamas, durante os ataques de 7 de outubro, divulgaram imagens das reféns no que seria um cativeiro do Hamas.
Familiares de reféns divulgam vídeo de soldados sequestradas pelo Hamas | Fórum de Famílias de Reféns |
O vídeo mostra as mulheres perfiladas contra uma parede, com as mãos amarradas. Os rostos de algumas soldados estão machucados e ensanguentados. Todas fazem parte das Forças de Defesa de Israel (FDI).
De acordo com o Fórum de Famílias de Reféns, a filmagem já tinha sido divulgada pelo Hamas. As famílias tiveram acesso ao vídeo por meio do Exército israelense, que entregou o material editado para excluir as cenas mais perturbadoras.
“Cada novo testemunho sobre o que aconteceu com os reféns ecoa a mesma verdade trágica. Devemos trazê-los todos de volta para casa, agora”, disse o Fórum de Famílias Reféns em um comunicado de imprensa nesta quarta-feira (22).
As mulheres do vídeo foram sequestradas durante um ataque do Hamas à base militar de Nahal Oz, em Israel, perto do norte da Faixa de Gaza. A ação fez parte dos ataques terroristas do grupo que deixaram cerca de 1.200 pessoas morta. Mais de 250 foram capturadas e levadas como reféns no território palestino.
Como resposta, Israel lançou uma guerra em Gaza, que matou mais de 35 mil palestinos nos últimos sete meses, de acordo com o Ministério da Saúde palestino em Gaza, controlado pelo Hamas.
As soldados sequestradas estavam trabalhando como observadoras das FDI, um papel que envolve o monitoramento da segurança das fronteiras de Israel.
O vídeo do cativeiro foi tornado público em meio ao aumento da pressão sobre Netanyahu para que o premiê tome medidas que garantam a libertação dos israelenses ainda sob o poder do Hamas.
Inúmeras tentativas de fazer um acordo de cessar-fogo, que envolva a troca de reféns com o Hamas, falharam nos últimos meses, enfurecendo parentes e amigos que fazem campanha pelo retorno dos sequestrados.
“Israel não pode aceitar uma realidade em que seus cidadãos sentem que suas vidas estão constantemente ameaçadas e sofrem de medo e ansiedade implacáveis”, disse o Fórum de Famílias de Reféns ao divulgar o vídeo nesta quarta-feira (22).
“A cada dia que passa, fica cada vez mais desafiador trazer os reféns de volta para casa — os vivos para reabilitação e os mortos para o enterro adequado. O governo israelense não deve perder mais nenhum momento. Deve retornar à mesa de negociações hoje!”
Reação das autoridades
Netanyahu disse nesta quarta-feira (22) que está “horrorizado com o vídeo mostrando o sequestro de nossas queridas observadoras de campo.” Ele disse que Israel vai “continuar a fazer tudo para trazê-las para casa” e a “crueldade dos terroristas do Hamas só aumenta a minha determinação de lutar com força até a destruição do Hamas, para garantir que o que vimos esta noite não vai acontecer nunca mais.”
O ministro do Gabinete de Guerra Benny Gantz disse ver o vídeo pela primeira vez fez seu “estômago girar.” No entanto, Gantz disse: “a responsabilidade dos líderes não é apenas olhar a realidade nos olhos — é criar uma realidade diferente, mesmo quando se trata de decisões difíceis. E essa é a nossa responsabilidade.”
“Para o mundo ver”
Uma das mulheres que aparecem no vídeo, Ori Megidish, foi resgatada por tropas israelenses em uma operação especial 23 dias depois do sequestro.
Outra, Noa Marciano, uma cabo das FDI, foi morta enquanto estava em Gaza e seu corpo foi devolvido a Israel em novembro.
Mas cinco das sete que aparecem nas imagens — Liri Albag, Karina Ariev, Agam Berger, Daniela Gilboa e Naama Levy — permanecem em cativeiro, mais de sete meses depois de serem levadas através da fronteira.
A mãe de Naama Levy disse à CNN nesta quarta-feira (22) que trazê-las para casa não é uma prioridade do governo israelense já que alguns membros do governo nem mesmo assistiram ao vídeo.
“Ministros e membros do governo foram convidados a assistir a uma versão deste vídeo em suas reuniões, e alguns deles se recusaram e disseram que queriam dormir bem à noite”, disse Ayelet Levy Shachar. Ela acrescentou: “então, se essa é a reação quando é seu dever assistir a esses materiais, esse é o trabalho deles, para que eles possam tomar decisões corretas, então achamos que devemos divulgar isso para os nossos cidadãos, para o mundo ver.”
Mais de 100 reféns foram libertados durante um acordo de trégua em novembro, mas o Exército israelense acredita que ainda há cerca de 130 pessoas detidas em Gaza, entre reféns vivos e mortos.
Os esforços para chegar a um acordo que interrompa a guerra em Gaza e permita a libertação de reféns foram repetidamente frustrados. No início deste mês, o Hamas disse que a rejeição de Israel de um plano de cessar-fogo apresentado por mediadores em negociações no Cairo levou as conversas de volta ao “quadrado um.”
A declaração veio um dia depois que a última rodada de negociações sobre a trégua em Gaza terminou no Cairo, sem um acordo.