Ofensiva vem após Corte Internacional de Justiça ordenar fim das operações militares na cidade
Nidal al-Mughrabi e Dan Williams | Reuters
Um ataque aéreo de Israel matou pelo menos 45 pessoas em um acampamento na cidade de Rafah, em Gaza, de acordo com médicos, atraindo a condenação de líderes europeus nesta segunda-feira (27), que pediram a implementação de uma decisão da Corte Mundial para interromper a ofensiva israelense.
Menino palestino observa local do ataque israelense | 27/05/2024REUTERS/Mohammed Salem |
Famílias palestinas correram para os hospitais a fim de organizar os enterros de conhecidos mortos depois que o ataque no domingo (26) incendiou tendas e abrigos precários.
Mulheres choravam e homens faziam orações ao lado dos corpos.
“O mundo inteiro está testemunhando Rafah sendo queimada por Israel e ninguém está fazendo nada para impedir isso”, disse Bassam, um morador de Rafah, por meio de um aplicativo de mensagem, sobre o ataque em uma área do oeste de Rafah que havia sido designada como zona segura.
Apesar de um clamor global pelo número de civis mortos, os tanques israelenses continuaram bombardeando as áreas leste e central da cidade nesta segunda-feira, matando oito pessoas, segundo autoridades de saúde locais.
As Forças Armadas de Israel disseram que o ataque aéreo de domingo, baseado em “inteligência precisa”, eliminou o chefe de gabinete do grupo Hamas para o segundo e maior território palestino, a Cisjordânia, além de outro oficial responsável por ataques a israelenses.
No domingo, o governo havia dito que oito foguetes foram interceptados após serem disparados de Rafah. Um ministro disse que isso mostrava a necessidade de continuar as operações contra o Hamas.
O ataque ocorreu no bairro de Tel Al-Sultan, onde milhares de pessoas estavam abrigadas depois que as Forças Israelenses iniciaram uma ofensiva terrestre no leste de Rafah há mais de duas semanas.
Muitos dos mortos eram mulheres e crianças, disseram as autoridades de saúde, acrescentando que o número de óbitos provavelmente aumentaria, pois alguns estavam em estado crítico com queimaduras graves.
Israel manteve os ataques a Rafah, apesar de uma decisão do principal tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) na sexta-feira (24), ordenando que parassem, argumentando que a decisão da corte concede alguma margem para ação militar no local.
Diversos líderes mundiais condenaram o ataque de Israel contra Rafah. Veja abaixo a repercussão.
Alemanha e União Europeia
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, e o chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, disseram que a decisão do tribunal da ONU deve ser respeitada.
“A lei humanitária internacional se aplica a todos, inclusive à condução da guerra por parte de Israel”, disse Baerbock.
Estados Unidos
Após as “imagens devastadoras” da ação militar israelense, os Estados Unidos exigiram que Israel tome todas as precauções para proteger civis.
“Israel tem o direito de ir atrás do Hamas, e entendemos que este ataque matou dois terroristas do Hamas que são responsáveis por ataques contra civis israelenses”, ressaltou um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.
“Mas, como fomos claros, Israel deve tomar todas as precauções possíveis para proteger os civis”, adicionou.
França
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse estar “indignado” com o ataque. “Essas operações devem parar. Não há áreas seguras em Rafah para os civis palestinos”, disse Macron em um post no X.
Agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA)
A agência da ONU para refugiados palestinos disse que a situação é horrível. “Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso”, escreveu a UNRWA no X.
Egito
O Egito condenou o “bombardeio deliberado das tendas dos deslocados” pelos militares israelenses, informou a mídia estatal, descrevendo-o como uma violação flagrante do direito internacional.
Arábia Saudita
A Arábia Saudita também condenou o ataque israelense e o Catar disse que o ataque em Rafah pode prejudicar os esforços para mediar um cessar-fogo e a troca de reféns.
Turquia
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, disse que o seu país “fará tudo” ao seu alcance para responsabilizar as autoridades israelenses pelo ataque.
“Como Turquia, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para responsabilizar estes assassinos, que não têm um pingo de humanidade”, comentou Erdogan em uma publicação no X.
Erdogan ressaltou que a ação é “um massacre que ocorreu após o apelo da Corte Internacional de Justiça para parar os ataques” e chamou Israel de “Estado terrorista”.
Cerca de 36.000 palestinos foram mortos até o momento na ofensiva israelense, segundo autoridades de saúde palestinas.
Israel lançou a operação depois que integrantes do Hamas atacaram comunidades do sul do país em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, de acordo com os registros israelenses.
*Com informações da CNN