Irã diz que pode fabricar arma atômica em resposta às ameaças israelenses

Depois de dois oficiais militares iranianos, o próprio conselheiro do líder supremo para assuntos internacionais, Kamal Kharazi – que também foi ministro das Relações Exteriores – afirmou que o Irã não hesitará em fabricar armas atômicas no caso de uma ameaça israelense.


Siavosh Ghazi | RFI

Teerã - “Há dois anos, eu disse que tínhamos capacidade para produzir armas atômicas, mas que não tínhamos intenção de fazer. Mas se a nossa existência for ameaçada, seremos forçados a mudar nossa doutrina nuclear”, declarou Kamal Kharazi.

Um míssil está em exibição com uma placa que diz em farsi: "Morte a Israel" em frente a uma mesquita em forma de Cúpula da Rocha de Jerusalém, na entrada da cidade de Quds, a oeste da capital Teerã, no Irã, domingo , 21 de abril de 2024. © Vahid Salemi / AP

As autoridades iranianas sempre afirmaram, há mais de vinte anos, que, de acordo com uma fátua (pronunciamento legal no Islã emitido por um especialista em lei religiosa) do líder supremo, a fabricação e o uso de armas atômicas eram proibidos.

Mas, há algumas semanas, dois altos funcionários da Guarda Revolucionária, o exército de elite do Irã, garantiram que, se Israel quisesse atacar as instalações nucleares iranianas, o país mudaria sua política sobre armas nucleares.

O comandante dos Guardiões da Revolução encarregado da segurança nuclear, Ahmad Haghtalab, declarou que as ameaças israelenses poderiam levar Teerã a “rever sua doutrina nuclear e se afastar de decisões anteriores”.

Após o ataque a Israel em 13 de abril, em que foram usados drones e mísseis, o Irã parece ter mudado sua política de contenção na região. As autoridades iranianas afirmaram claramente que Teerã responderá a qualquer ataque contra seu território, mas também contra seus interesses na região.

O país se posiciona, cada vez mais, como potência dominante na região, o que explica as novas declarações de Kamal Kharazi.

Confronto perigoso


Às margens da guerra em Gaza, o conflito entre Tel Aviv e Teerã entrou numa lógica de confronto particularmente perigosa.

O bombardeio israelense contra um anexo do consulado iraniano em Damasco, causando várias mortes entre a Guarda Revolucionária, no início de abril de 2024, foi seguido pela resposta iraniana a Israel, marcada por ataques de trezentos drones e mísseis.

A questão que se coloca agora é se as coisas continuarão como estão ou se, ao contrário, as hostilidades se intensificarão. A resposta reside, sem dúvida, na evolução da guerra em curso em Gaza.
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