Mais sete meses de combates, é o que se espera. Já morreram cerca de 37 mil palestinos civis, a maioria mulheres, crianças e velhos
Ricardo Noblat | Metrópoles
Caberá ao Tribunal Penal Internacional apontar eventuais crimes de guerra cometidos por Israel e o grupo Hamas no conflito ora em curso no Oriente Médio. Mas à Organização das Nações Unidas (ONU), que reúne 193 Estados-membros, cabe desde já alertar o mundo que a fome como arma de guerra está sendo usada por Israel.
A ONU disse, ontem, que a quantidade de ajuda humanitária que entra na Faixa de Gaza caiu dois terços desde que Israel iniciou a sua operação militar na região de Rafah, no sul do enclave, este mês. Uma média diária de 58 caminhões de ajuda chegou a Gaza em 7 de maio em comparação com uma média diária de 176 caminhões de ajuda de 1 de abril a 6 de maio – uma queda de 67%. Pelo menos 500 caminhões por dia de ajuda e bens comerciais precisam entrar em Gaza.
Desde que a guerra Israel-Hamas começou, há quase oito meses, a ajuda a 2,3 milhões de palestinos entrou principalmente através de duas passagens para o sul de Gaza – a de Rafah, proveniente do Egito, e a de Kerem Shalom, proveniente de Israel. Mas as entregas foram interrompidas quando Israel intensificou as suas operações militares em Rafah. O Egito fechou a passagem de Rafah devido à ameaça que representa ao trabalho humanitário, mas concordou em enviar temporariamente uma reserva de ajuda e combustível através de Kerem Shalom.
O vice-embaixador de Israel na ONU, Jonathan Miller, afirmou ao Conselho de Segurança da ONU, na quarta-feira, que Israel trava uma guerra contra o Hamas, não contra os civis: “É por isso que Israel está empenhado em facilitar a entrada de ajuda humanitária em Gaza a partir de todos os pontos de entrada possíveis.” Palavras ao vento, desmentidas pelos fatos.
Tzachi Hanegbi, conselheiro de segurança nacional do governo israelense, admitiu que as operações militares na Faixa de Gaza continuarão pelo menos até ao final do ano: “Esperamos mais sete meses de combate para reforçar a nossa conquista e concretizar o que definimos como a destruição das capacidades militares e de governo do Hamas e da Jihad Islâmica”.