O Hamas disse que estava lutando contra tropas israelenses nos arredores da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, nesta quarta-feira, depois que uma autoridade dos Estados Unidos afirmou que Washington havia interrompido um carregamento de bombas potentes que Israel poderia usar em um ataque em grande escala.
Por Nidal al-Mughrabi, Steve Holland e Mohammad Salem | Reuters
CAIRO/WASHINGTON/RAFAH, Faixa de Gaza - Os Estados Unidos, que estão tentando evitar uma invasão israelense em Rafah, disseram acreditar que uma proposta revisada de cessar-fogo do Hamas pode levar a um avanço nas negociações, que serão retomadas no Cairo nesta quarta-feira.
Palestinos deixam Rafah, no sul de Gaza 8/5/2024 REUTERS/Hatem Khaled |
Israel ameaçou um grande ataque a Rafah para derrotar milhares de combatentes do Hamas que, segundo o país, estão escondidos lá, mas os países ocidentais e as Nações Unidas alertaram que um ataque em grande escala à cidade seria uma catástrofe humanitária.
O Hamas disse que seus combatentes estavam lutando contra as forças israelenses no leste de Rafah, onde centenas de milhares de palestinos buscaram refúgio do combate mais ao norte do enclave. Os moradores disseram que os combates ainda estavam nos arredores.
Uma autoridade sênior dos EUA declarou que o governo do presidente norte-americano, Joe Biden, suspendeu um carregamento de armas para Israel na semana passada em uma aparente resposta à esperada ofensiva de Rafah. A Casa Branca e o Pentágono não quiseram comentar.
A autoridade, falando sob condição de anonimato, disse que Washington havia analisado cuidadosamente a entrega de armas que poderiam ser usadas em Rafah e, como resultado, suspendeu uma remessa composta por 1.800 bombas de 2.000 lb e 1.700 bombas de 500 lb.
Esse seria o primeiro adiamento desse tipo desde que o governo Biden ofereceu seu apoio "firme" a Israel após o ataque do Hamas em 7 de outubro. Washington é o aliado mais próximo de Israel e o principal fornecedor de armas.
Uma autoridade sênior israelense se recusou a confirmar o relato, pedindo para não ser identificada: "Se tivermos que lutar com unhas e dentes, faremos o que tivermos que fazer", disse a fonte. Um porta-voz militar afirmou que todas as divergências foram resolvidas em particular.
As forças israelenses tomaram a principal passagem de fronteira entre Gaza e o Egito em Rafah na terça-feira, cortando uma rota vital de ajuda.
Moradores e autoridades disseram que o prédio do conselho municipal de Rafah foi atingido por disparos de tanques israelenses na terça-feira e pegou fogo.
"As ruas da cidade ecoam com os gritos de vidas inocentes perdidas, famílias separadas e casas reduzidas a escombros. Estamos à beira de uma catástrofe humanitária de proporções sem precedentes", disse o prefeito de Rafah, Ahmed Al-Sofi, em um apelo à comunidade internacional para que intervenha.
As Forças Armadas israelenses disseram nesta quarta-feira que descobriram a infraestrutura do Hamas em vários locais no leste de Rafah e que suas tropas estavam realizando ataques direcionados no lado de Gaza da passagem de Rafah e ataques aéreos em toda a Faixa de Gaza.
Disseram aos civis para irem para uma "zona humanitária expandida" em al-Mawasi, a cerca de 20 km de distância.
Grupos armados do Hamas, da Jihad Islâmica e do Fatah disseram, em declarações separadas, que os tiroteios continuavam na região central da Faixa de Gaza, enquanto os residentes do norte de Gaza relataram pesados bombardeios de tanques israelenses contra as áreas orientais da Cidade de Gaza e distritos.
"Os Estados Unidos estão ameaçando não nos fornecer mísseis de precisão? É mesmo? Bem, tenho uma novidade para os EUA. Nós temos 'bombas' e vamos usá-las. Ao invés de atingir um alvo, vamos derrubar 10 prédios. É isso que vamos fazer" (Parlamentar israelense Tali Gottlieb)