Os bombardeios israelenses continuam em Gaza, onde os civis estão desgastados por sete meses de guerra. Mais de 34.800 pessoas foram mortas, a maioria mulheres e crianças, segundo o Hamas. Os ataques estão concentrados na região de Rafah, no sul do território palestino. É ali que estão localizadas quase 1,5 milhão de pessoas deslocadas. Depois de fugirem dos combates no norte e se refugiarem no sul, alguns deles devem agora fugir novamente.
Sami Boukhelifa | RFI
Jerusalém - No início da guerra, era comum ver imagens de civis deixando o norte da Faixa de Gaza, alvo dos ataques. Eram dezenas de milhares pessoas, de carro, de caminhão, em carroças puxadas por cavalos, carregadas de malas e colchões. Estas mesmas imagens acontecem agora na outra direção: o sul da Faixa de Gaza, que antes era um refúgio, se tornou um campo de batalha.
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Palestinos chegam ao centro da Faixa de Gaza após fugirem de Rafah, no sul. Em 08 de maio de 2024. AP - Abdel Kareem Hana |
Mohamed mora na cidade de Rafah, principal alvo atual de Israel. “Há muita gente na estrada”, confidencia, “o que cria enormes engarrafamentos".
Os residentes de Rafah e os deslocados estão novamente em fuga. "Os bombardeios são ininterruptos", relata Mohamed. "Existe tanto fogo de artilharia quanto ataques aéreos. Milhares de pessoas, talvez centenas de milhares, pegaram a estrada", contou.
A ordem de evacuação da parte oriental de Rafah compromete “100 mil pessoas”, afirma o Exército israelense. Elas devem seguir para a região de al-Mawasi, a cerca de quinze quilômetros de distância.
Mohamed está revoltado com a situação. “Eles nos movem, nos bombardeiam, nos matam de fome”, e ninguém reage, protesta. “Todos estão de joelhos diante do primeiro-ministro israelense, Netanyahu. Ele lançou a sua operação em Rafah, apesar da comunidade internacional ter se oposto. Os tanques estão às nossas portas e o seu fogo atinge o centro de Rafah. Há poucos minutos eles atacaram a prefeitura, ouvi claramente a explosão", disse.
No momento, estas são apenas operações “direcionadas” no terreno, especifica o Exército. Mas o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, ameaça lançar uma grande ofensiva terrestre contra a cidade. Israel considera que Rafah abriga o último grande bastião do movimento islâmico no território palestino.