Longe de ter capacidades de porta-aviões tradicionais, como poder receber caças e aviões de ataque em seu convés, o Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) Atlântico, da Marinha do Brasil, passa agora pela mostra da relevância operacional de um navio dessa categoria.
Atracado em Rio Grande (RS) desde o último sábado, 11 de maio, ainda em rota, o navio iniciou os trabalhos diversos de ajuda humanitária para as vítimas das tragédias climáticas no Rio Grande do Sul.
NAM Atlântico. Foto: Marinha do Brasil |
Nesta missão, há três aeronaves a bordo: um MH-16 Sea Hawk, capaz de voar em condições climáticas adversas, um UH-12 Esquilo e um IH-6B Jet Ranger. Os dois últimos, mais leves e menores, podem fazer pousos em localidades mais restritas, mantendo a possibilidade de atuar em resgates e em transportes tanto de pessoas quanto de carga.
O navio está atracado no estaleiro Ecovix. “Estamos dando toda a contribuição e assistência para essa missão, ajudando nesse momento tão difícil para nosso estado”, disse Ricardo Ávila, diretor operacional da Ecovix, que é proprietária do estaleiro.
O NAM Atlântico, porém, é mais que isso. A bordo, também foram levadas 24 embarcações de pequeno e médio porte, 2,9 toneladas de medicamentos e 38 viaturas do Grupamento de Fuzileiros Navais. Somando à carga da fragata Defensora, este Grupo Tarefa soma 1.350 militares, 154 toneladas de donativos e duas estações móveis para tratamento de água, capazes de produzir um total de 20 mil litros de água potável por hora.
“A chegada do NAM Atlântico traz novos meios, que permitirão ampliar a fase logística, com o transporte de itens críticos de abastecimento e para a reestruturação da infraestrutura básica das regiões acometidas pelas enchentes. A Marinha do Brasil não medirá esforços para ajudar o povo gaúcho a superar essa tragédia ”, ressalta o Comandante da 1ª Divisão da Esquadra, Contra-Almirante Nelson de Oliveira Leite, que é o Comandante do Grupo-Tarefa nessa missão. Aeronaves e embarcações das bases de Rio Grande (RS), São Paulo (SP) e Ladário (MS) já estavam na área.
O navio também serve como hospital. O NAM Atlântico abriga o segundo maior Complexo Médico entre todos os navios da Marinha do Brasil, atrás em tamanho estrutural apenas para do Navio Doca Multipropósito (NDM) Bahia. No Atlântico, o centro de saúde conta com uma estrutura completa, do raio-x à cirurgia, para atender casos de pequena e média complexidade. A bordo há uma UTI com dois leitos, sala de trauma, centro cirúrgico, consultórios, laboratório, enfermaria com oito leitos e farmácia.
Outros equipamentos integram a estrutura, como carro de anestesia e carrinho de parada, microscópios e monitor multiparâmetro para, por exemplo, medir a saturação do oxigênio. No laboratório, que conta com equipamentos de ponta, é possível realizar e analisar exames, como os bioquímicos; de urina, colesterol; gasometria e testes de covid, dengue e influenza.
O setor possui ainda acesso ao elevador de aeronaves de ré, permitindo que as ambulâncias cheguem até a parte interna do navio para garantir atendimentos mais ágeis. Além de ser integrado ao convés de voo (por onde chegam as aeronaves) e também ao corredor de atendimento do centro de saúde, o elevador de aeronaves de ré também se liga à sala de descontaminação e, por isso, esse conjugado se consolidou como uma área estratégica do navio, quando atracado em algum porto ou em viagens.
Desde novembro de 2023 na tripulação do NAM “Atlântico”, a encarregada da Divisão de Saúde, Tenente Ana Cláudia do Paço Baylão, aponta a relevância do dispositivo. “Essa versatilidade faz com que possamos receber um paciente externo, resgatado por um helicóptero ou ainda iniciar a remoção de um paciente interno, em direção a um hospital em terra”.
Com informações da Agência Marinha de Notícias