Recentes ataques ucranianos contra a usina nuclear de Zaporozhie reacenderam os temores de uma escalada do conflito na região e das consequências catastróficas de um eventual incidente atômico.
Sputnik
A falta de responsabilização pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre o regime do presidente Vladimir Zelensky com relação ao ataque à maior usina nuclear da Europa foi criticada pelo representante permanente da Rússia nas organizações internacionais em Viena, Mikhail Ulyanov. Para a autoridade russa, é considerado inaceitável falar mal dos ucranianos, o que encoraja Kiev a agir de forma imprudente.
Por conta dos ataques à usina, a Rússia solicitou uma reunião extraordinária do conselho da AIEA, que ocorreu nesta quinta-feira (11) em Viena.
Questionado sobre o que, na opinião do representante russo, falta à AIEA para atribuir a responsabilidade pelos bombardeios, o diplomata respondeu que sente que há um medo de fazer isso.
"Os ucranianos são como intocáveis. Não é aceitável falar mal dos ucranianos porque supostamente eles são as vítimas. Isso cria uma atmosfera que essencialmente encoraja a parte ucraniana a agir de forma imprudente, como nesses ataques", disse Ulyanov após a reunião.
A expectativa é que o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, só aponte a gravidade da situação em torno da usina em Zaporozhie na próxima semana, em discurso no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Grossi chegou a se pronunciar apenas nas redes sociais, quando confirmou pelo menos três acertos [dos bombardeios] nas estruturas de contenção do reator seis. "Isso não pode acontecer", disse.
"Esta é uma violação clara dos princípios básicos para proteger a maior central nuclear da Europa. Tais ataques imprudentes aumentam significativamente o risco de um acidente nuclear grave e devem cessar imediatamente", afirmou, sem ressaltar a autoria do atentado.
A usina está localizada na margem esquerda do rio Dniepre e é considerada a maior de energia nuclear da Europa em capacidade instalada — possui seis blocos de energia de 1 gigawatt cada. Em outubro de 2022, a usina nuclear passou para a propriedade da Rússia.
O presidente russo, Vladimir Putin, já afirmou que o Ocidente não fez nenhuma declaração culpando os ucranianos pelos bombardeios e pelos riscos de um grave acidente nuclear. Além disso, Putin ressalta que Kiev expressa o desejo de possuir armas nucleares.