Apesar das incertezas com a aposentadoria futura dos caças A-1 (AMX), sem garantia ainda de que Santa Maria receberá os novos caças suecos Gripen, o comandante da Base Aérea de Santa Maria (BASM), Coronel Aviador Daniel Lames, garante: ela não vai fechar as portas.
Por Fernando Valduga | Cavok
Esse temor começou a surgir nos últimos anos, quando a Base Aérea de Florianópolis (SC) teve seu esquadrão de aviões transferido para Canoas, em 2017, e a estrutura só é usada eventualmente para operações. Em Fortaleza (SC), chegou a ser criado, em 2022, um grupo de estudo para fechar a base, mas agora ela vai receber uma unidade do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Jato A-1A taxia na Base Aérea de Santa Maria. (Foto: Fernando Valduga / Cavok Brasil) |
“As Bases Aéreas não fecharam, elas estão adquirindo funções novas. Não existe nenhum risco de fechar a Base Aérea aqui em Santa Maria”, afirmou o comandante.
O coronel aviador Lames, que assumiu o comando da BASM em janeiro, reforça a importância dela.
“A Base Aérea hoje tem em torno de 1,5 mil militares e aqui é a representação da Força Aérea Brasileira (FAB) no interior do Estado. Temos a base em Canoas, mas aqui no interior do Estado toda a representação da FAB é feita pela nossa Base Aérea, até o envolvimento com o Exército também é feito por nós, aqui. Temos quatro unidades aéreas, um esquadrão de comando de controle, e também destacamento de controle de espaço aéreo. Então, a nossa integração com a sociedade de Santa Maria é muito grande, muito profícua aqui no interior”, declarou.
Dos quatro esquadrões aéreos operando em Santa Maria, dois deles operam com os caças de reconhecimento e bombardeio A-1, cujo projeto é dos anos 1980, sendo fabricado em parceria da Itália com o Brasil. Assim como o cargueiro C-130 Hércules, da norte-americana Lockheed, que foi aposentado recentemente pela FAB, sendo substituído no Brasil pelo moderno jato KC-390, da Embraer, a Força Aérea Brasileira começará um processo para aposentar também os caças A-1, que são usados em Santa Maria. Com isso, haveria o risco de, futuramente, a Base Aérea de Santa Maria ficar apenas com o esquadrão de helicópteros Black Hawk, usados também em operações de resgates de vítimas de enchentes e transportes de pacientes, como na tragédia da boate Kiss, e com o esquadrão Hórus, dos drones israelenses da Elbit Systems.
Segundo o comandante da Base, o Comando da Aeronáutica ainda não definiu quais unidades no Brasil vão receber os novos caças Gripen, da fabricante sueca Saab.
Enquanto isso, nos próximos dias, deve pousar na Base Aérea de Santa Maria o cargueiro KC-390, que foi a Israel para pegar um novo drone RQ-900 Hermes, da Elbit. Outro avião não-tripulado desse mesmo modelo já havia chegado ao Esquadrão Hórus em dezembro passado. A Base santa-mariense é pioneira nessa tecnologia no Brasil.
Em 2010, recebeu os primeiros drones RQ-450 do país. O Esquadrão Hórus foi criado em 2011, prestando apoio na segurança dos Jogos Olímpicos do Rio, em combate ao garimpo na Amazônia e durante a ação das forças federais da Garantia da Lei e da Ordem no Rio, em uma crise na segurança. Esses drones RQ-450 foram desativados, restando em uso os modelos maiores, RQ-900, que voam até 36 horas ininterruptas e a uma altitude de 9 mil metros. Esses dados são repassados ao Exército ou à Polícia Federal, dependendo da operação que é realizada.