O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou nesta quarta-feira (3) a instalação de bases militares do Comando Sul dos EUA e de centros da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) no território de Essequibo, com o objetivo de atacar seu país.
Sputnik
"Temos informações comprovadas de que no território de Essequibo, administrado temporariamente pela Guiana, foram instaladas bases militares secretas do Comando Sul, núcleos militares do Comando Sul e núcleos da CIA", disse Maduro durante o ato de promulgação da Lei Orgânica de Defesa de Essequibo, veiculada em rádio e televisão nacional.
Nicolás Maduro © AP Photo / Matias Delacroix |
Desde a sede do Parlamento, o chefe de Estado explicou que o objetivo desses "núcleos" é "preparar ataques" contra a população e "preparar uma escalada contra a Venezuela".
Da mesma forma, o presidente alertou sobre uma postura rígida de seu homólogo guianense, Irfaan Ali, da empresa petrolífera norte-americana ExxonMobil e do Comando Sul.
"A ExxonMobil, o Comando Sul e o presidente da Guiana estão errados sobre a Venezuela, muito errados na sua posição de desapropriação imperial, na sua posição bélica, na sua posição ameaçadora", sublinhou.
As tensões entre Caracas e Georgetown aumentaram depois que a Guiana recebeu ofertas para 8 dos 14 blocos petrolíferos que foram licitados em dezembro de 2022, entre os quais está a empresa ExxonMobil.
Caracas considerou a situação um conluio entre Washington e a ExxonMobil para retirar da Venezuela os direitos sobre o território, e realizou um referendo consultivo sobre a proteção de Essequibo em dezembro do ano passado, que obteve mais de 10 milhões de votos.
Após a consulta, no dia 14 de dezembro, os presidentes Maduro e Ali realizaram uma reunião em São Vicente e Granadinas, onde manifestaram a sua vontade de continuar o diálogo para resolver a controvérsia sobre Essequibo.
Além disso, concordaram que a Venezuela e a Guiana "não se ameaçarão direta ou indiretamente, nem usarão a força uma contra a outra em nenhuma circunstância".
Os líderes concordaram também que qualquer litígio entre os dois Estados será resolvido de acordo com o direito internacional, incluindo o Acordo de Genebra de 17 de fevereiro de 1966.