Equipes deverão intensificar ações governamentais no território; indígenas sofrem com violência e contaminação de mercúrio
Camila Stucaluc | SBT News
O governo federal aprovou a diretriz ministerial que regula o emprego temporário das Forças Armadas na Terra Indígena Yanomami. A medida, publicada no Diário Oficial desta segunda-feira (8), tem como objetivo intensificar as ações governamentais no território, que fica localizado entre os estados do Amazonas e Roraima e a Venezuela.
Segundo a portaria, as equipes ficarão responsáveis por interromper o fluxo logístico das ações de apoio ao garimpo ilegal no local. Tais atividades vêm afetando a população Yanomami em vários aspectos, principalmente pela escalada da violência e contaminação dos rios com mercúrio, o que intoxicou centenas de indígenas.
Um estudo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por exemplo, mostrou que todos os cerca de 300 indígenas que participaram da pesquisa estão contaminados pelo metal tóxico. Os maiores níveis de exposição foram detectados naqueles que vivem nas aldeias localizadas mais próximas aos garimpos ilegais de ouro.
Das 287 amostras de cabelo examinadas, 84% registraram níveis de contaminação por mercúrio acima de 2,0 μg/g (micrograma por grama), enquanto outros 10,8% ficaram acima de 6,0 μg/g. Os números são alarmantes, uma vez que, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), os níveis de mercúrio no cabelo não devem ultrapassar 1 μg/g.
Além dos casos de intoxicação por mercúrio, que pode resultar em déficits cognitivos e danos em nervos nas extremidades, o povo Yanomami vem sofrendo altos índices de morte por malária e desnutrição – também causados pela presença de garimpeiros ilegais. Apenas em 2023, o Ministério da Saúde registrou 363 mortes no território.