Construção da estrutura faz parte da Operação Catrimani II, iniciada em abril sob coordenação do Ministério da Defesa. No total, foram 57 militares envolvidos na montagem.
Por g1 RR — Boa Vista
As Forças Armadas iniciaram a preparação de uma base de apoio em Kayanaú, uma das regiões mais devastas pelo garimpo ilegal, para ações de combate a atividade na Terra Yanomami. O Comando Conjunto Catrimani II divulgou o início dos trabalhos nesta sexta-feira (26).
Base foi montada em Kayanaú, uma das regiões mais afetadas pelo garimpo — Foto: Operação Catrimani II/Divulgação |
A construção do acampamento faz parte da Operação Catrimani II, iniciada em abril sob coordenação do Ministério da Defesa, que visa conter as atividades ilegais de mineração, crimes ambientais e ilícitos transnacionais na Terra Indígena Yanomami.
As estruturas têm capacidade para alojamento, área de alimentação, controle das operações e custódia temporária de detidos. Além disso, possui energia elétrica e transmissão de dados. No total, foram 57 militares envolvidos na montagem, segundo o Coronel Roberto Sousa, coordenador logístico da atividade.
"Houve grande esforço para se estabelecer, em curto período de tempo, uma base com capacidade operacional em meio à selva amazônica a mais de 200 km de Boa Vista. Em apenas 10 dias, conseguimos desdobrar uma base com capacidade para 45 ocupantes [...] de modo a contribuir para as ações de desintrusão na TI Yanomami", disse.
Embora a construção da estrutura esteja a cargo das Forças Armadas, a base, que teve a área cedida para utilização provisória e exclusiva para as ações de combate ao garimpo, será mantida pelas Forças de Segurança.
Para o transporte de carga e pessoal militar foi necessária uma combinação de meios, isso porque comboios só conseguem chegar até a metade do caminho, enquanto as aeronaves de asa fixa não conseguem pousar na área.
O esforço logístico contou com os helicópteros UH-15 Super Cougar, HM-1 Pantera e H-60 Black Hawk, respectivamente da Marinha do Brasil (MB), Exército Brasileiro (EB) e Força Aérea Brasileira (FAB).
Além disso, um comboio formado por viaturas da 1ª Brigada de Infantaria de Selva (1ª Bda Inf Sl) também foi empregado em apoio à missão. Ao todo, foram transportadas cerca de 19 toneladas, entre material de apoio, combustível e insumos.
“Os maiores desafios são as grandes distâncias a serem percorridas sobre a densa mata do território indígena Yanomami. Os locais para pouso alternativo em caso de necessidade são afastados, o que requer atenção redobrada ao planejamento e à condução do voo. Além disso, a meteorologia da região nessa época do ano é instável, com surgimento de formações chuvosas durante todo o dia”, declarou o piloto da aeronave UH-15, da MB, Capitão de Corveta Walter Vinicius Antunes Dias.
A montagem da base ficou a cargo do 7º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), subordinado à 1ª Brigada de Infantaria de Selva.
Terra Yanomami
Com 9,6 milhões de hectares, a Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial e enfrenta uma crise sem precedentes devido ao avanço do garimpo ilegal, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa.
O território está em emergência de saúde desde janeiro de 2023, quando o governo federal começou a criar ações para atender os indígenas, como o envio de profissionais de saúde e cestas básicas. Além de enviar forças de segurança a região para frear a atuação de garimpeiros.
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) estima que cerca de sete mil garimpeiros ilegais continuam em atividade no território. O número de invasores diminuiu 65% em um ano, se comparado ao início das operações do governo federal, quando havia 20 mil invasores no território.
Para combater a permanência dos invasores no território, as forças de segurança do governo federal deflagraram a operação Catrimani II. A nova fase de retirada de garimpeiros ocorre após a instalação da Casa de Governo em Roraima, que tem o objetivo de monitorar e enfrentar a crise Yanomami.