O exército israelense anunciou na segunda-feira (1°), ter "concluído" as operações no hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza. Os soldados retiraram seus tanques e outros veículos do hospital, encerrando uma operação que durou duas semanas.
RFI
Em 18 de março, o exército israelense, que acusa os combatentes do Hamas de se esconderem em hospitais, lançou o que descreveu como uma "operação precisa" contra o Al-Shifa, no norte do território palestino.
O exército israelense anunciou na segunda-feira (1°), ter "concluído" as operações no hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza | AFP |
O governo de Israel afirmou ter "eliminado cerca de 200 terroristas" na área desde então. A operação começou no momento em que centenas de pessoas deslocadas se refugiaram no complexo do hospital.
Um comunicado do exército diz que a investida "matou terroristas em confrontos". De acordo com o Tzahal, acrônimo hebraico das Forças de Defesa de Israel, combatentes foram mortos e armas e documentos foram apreendidos.
Já o movimento islâmico palestino Hamas, pediu desculpas pela primeira vez ao povo de Gaza pelo sofrimento causado pela guerra que já dura quase seis meses, em uma longa declaração publicada em seu canal Telegram na noite de domingo (31).
O Hamas também reiterou seu desejo de continuar a guerra, que, segundo a declaração, deve levar à "vitória e à liberdade" dos palestinos.
Corpos em decomposição
Um jornalista da agência de notícias AFP e testemunhas no local viram tanques e veículos deixando o complexo hospitalar, cobertos por fogo de artilharia e ataques aéreos. Até o momento, o exército israelense não confirmou a retirada.
O exército israelense "se retirou do complexo médico de Al-Shifa depois de incendiar os prédios do complexo e desativá-lo completamente", detalhou um comunicado do Ministério da Saúde do Hamas.
"Dezenas de corpos de mártires, alguns em estado de decomposição, foram encontrados dentro e ao redor do hospital Al-Shifa", continuou. "A extensão da destruição dentro do complexo e dos prédios que o cercam é muito significativa", acrescentou o comunicado.
Um médico disse à agência que mais de 20 corpos foram recuperados. Segundo ele, alguns deles foram atropelados pelos veículos militares durante a saída das tropas.
"Uma garrafa de água para cada 15 pessoas"
No domingo, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, disse que 21 pacientes do hospital Al-Shifa haviam morrido desde o início da operação israelense.
De acordo com ele, 107 pacientes permanecem no hospital, incluindo quatro crianças e 28 pacientes em estado crítico. "Muitos têm feridas infectadas e estão desidratados", disse o diretor da OMS, acrescentando que, desde sábado (30), "há apenas uma garrafa de água para cada 15 pessoas".
"Os alimentos são extremamente limitados, o que pode representar risco de vida para os pacientes diabéticos, cuja condição está piorando. Pedimos a Israel que facilite urgentemente o acesso e um corredor humanitário para que a OMS e seus parceiros possam realizar a transferência de pacientes que salvam vidas", insistiu ele na rede X.
Uma fonte israelense informou que está prevista uma reunião virtual, nesta segunda-feira, entre autoridades israelenses e americanas sobre uma trégua na ofensiva em Rafah.
Ainda no domingo, Ghebreyesus disse que "um campo no complexo hospitalar de Al-Aqsa foi atingido por um ataque aéreo israelense", matando quatro pessoas. O exército israelense alegou ter atingido "um centro de comando operacional terrorista" no pátio desse hospital em Deir al-Balah (centro).
Irmã de comandante do Hamas é presa em Israel
O exército israelense anunciou na segunda-feira que 600 de seus soldados foram mortos desde 7 de outubro, 256 deles na ofensiva terrestre na Faixa de Gaza.
A polícia israelense informou ter prendido Sabah Abdel Salam Haniyeh, irmã de 57 anos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, que mora no Catar. A mulher é cidadã israelense e estava em sua casa em Tel-Sheva, no sul de Israel. Ela também é "suspeita de incitar a prática de atos de terrorismo em Israel".
Foi no Catar e no Egito que, nos últimos meses, ocorreram conversas indiretas entre Israel e o Hamas por meio de mediadores internacionais – Egito, Catar e Estados Unidos – com o objetivo de concluir um acordo de trégua associado à libertação dos reféns.
Mas esse acordo está longe de ser alcançado, e os dois protagonistas se acusam mutuamente de intransigência.
O conflito
Em 7 de outubro, comandos do Hamas infiltrados em Gaza realizaram um ataque no sul de Israel que resultou na morte de pelo menos 1.160 pessoas, principalmente civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Conforme Israel, cerca de 250 pessoas também foram sequestradas e 130 delas ainda são reféns em Gaza. Trinta e quatro dos reféns morreram.
Israel prometeu destruir o Hamas e seu exército lançou uma campanha de intenso bombardeio aéreo em Gaza, seguida 20 dias depois por uma ofensiva terrestre que permitiu que seus soldados avançassem de norte a sul da pequena faixa de terra, até os portões de Rafah.
As operações israelenses custaram a vida de 32.782 pessoas, a maioria delas civis, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, e causaram um desastre humanitário e destruição.
(Com informações da AFP)
Mais de 300 mulheres, crianças e homens palestinos massacrados. Execuções, corpos queimados, esquartejados e esmagados por tanques. Após duas semanas, "israel" se retira do maior hospital de Gaza e deixa um rastro de morte e destruição.