O ataque do Irã a Israel no fim de semana e o temor de uma escalada das tensões na região têm forte repercussão na Europa. Em entrevista ao grupo BFMTV-RMC, o presidente francês, Emmanuel Macron, reconheceu nesta segunda-feira (15) que a situação permanece "muito instável" e exige "forte mobilização diplomática". Já o ex-premiê Dominique de Villepin criticou a operação francesa que abateu drones iranianos lançados contra Israel, em entrevista ao portal de notícias Franceinfo.
RFI
Macron defendeu a ação da força aérea francesa. “Temos uma base aérea na Jordânia (…) o espaço aéreo jordaniano foi violado por esses disparos. Decolamos nossos aviões e interceptamos o que deveríamos interceptar", declarou o presidente francês. Macron defendeu a “ampliação das sanções” contra o Irã "para intensificar a pressão sobre as atividades nucleares” de Teerã, a fim de “encontrar um caminho para a paz na região”.
Ex-premiê Dominique de Villepin critica envolvimento da França na defesa de Israel. AP - Michel Euler |
O ex-premiê Dominique de Villepin considera que "a França não deveria se envolver em ações de retaliação". “Se a França quer ser útil” depois do ataque do Irã a Israel, “deve ficar no seu lugar, e seu lugar é, antes de tudo, um objetivo de estabilidade e paz”, acredita Villepin, que foi chefe de governo e ministro das Relações Exteriores do ex-presidente Jacques Chirac. Segundo ele, “a França não precisa ser parte” no conflito no Oriente Médio. “O nosso papel, se tivermos de exercer uma mediação, é de de exercer influência, é pesar, é moderar”, explicou.
Ao ser questionado sobre o que está em jogo neste momento entre o Irã e Israel, Villepin disse que o governo israelense busca dois objetivos: "atacar o Irã para enfraquecer o programa nuclear iraniano", o que ele considera uma opção "extremamente arriscada".
O segundo objetivo israelense seria "atacar o Hezbollah no sul do Líbano, milícia que tem uma quantidade considerável de combatentes e armas, e atua para proteger o programa militar iraniano". Para o diplomata, Israel segue desde o início do conflito na Faixa de Gaza "sua lógica, sem levar em consideração o risco de escalada que impõe ao mundo".
"Linha vermelha"
Na Espanha, o jornal El País dizia em manchete na manhã desta segunda-feira que o Irã "cruzou uma linha vermelha" ao atacar Israel "para ganhar força" no Oriente Médio.
O diário português Público recorda que o presidente Joe Biden avisou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que os EUA não participarão de uma contraofensiva contra o Irã, "opção que o gabinete de guerra de Netanyahu favorece após o ataque em massa de drones e mísseis no território israelense". Para este veículo, a ameaça de uma guerra aberta entre os dois grandes adversários do Oriente Médio com a participação dos Estados Unidos coloca a região em perigo, desencadeando apelos à contenção por parte das potências mundiais e das nações árabes.
O italiano Corriere della Sera fez um relato do longo ataque envolvendo 170 drones e 150 mísseis iranianos. E sublinha que Biden pediu a Israel que considerasse o ataque abortado pela defesa antiaérea como “uma vitória", incitando o aliado "a parar" para seguir pelo caminho diplomático de novas sanções contra o Irã.
O britânico The Guardian publica declarações do ministro das Relações Exteriores do Reino Unido. David Cameron considerou o ataque iraniano "imprudente e perigoso", uma "dupla derrota" para o Irã, uma vez que não conseguiu infligir danos a Israel, e que “eles revelaram ao mundo que são uma influência nefasta na região”.
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