Os jornais franceses destacam, nesta segunda-feira (8), o horror vivido pela população da Faixa de Gaza há seis meses, mesmo depois da retirada das tropas israelenses da cidade de Khan Yunis, anunciada no domingo (7).
Por Luiza Ramos | RFI
O La Croix mostra o protesto nas ruas de Tel Aviv no fim de semana, quando mais de 100 mil pessoas saíram às ruas, antes da manifestação de domingo em Jerusalém, com slogans como "Ministro do crime", "Cessar-fogo agora" e "Bibi está dividindo o país".
O jornal aponta que enquanto a Faixa de Gaza completa "seis meses de inferno", “uma "falsa normalidade" prevalece em Israel”, como se a população estivesse “anestesiada” pelo choque de outubro de 2023.
Sobrevivência
Segundo o jornal Le Monde, mais de 300 mil pessoas seguem encurraladas ao norte do enclave, apesar de quase 80% da população ter sido deslocada desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023. Elas sofrem para sobreviver com a ajuda de “raras distribuições de ajuda que são regularmente atacadas por Israel”, critica o diário.
O texto destaca cenas fortes repercutidas nas últimas semanas, nas quais civis palestinos foram filmados sendo baleados por soldados israelenses ao tentar alcançar pacotes de alimentos e imagens de crianças em situações graves de desnutrição, sublinhando que “o norte está mergulhando na fome”.
De acordo com estimativas destacadas pelo jornal, os habitantes do norte têm sobrevivido com uma ingestão média de 245 calorias por dia (dados da ONG britânica Oxfam na semana passada), o que representa menos de 12% da alimentação diária recomendada de 2.100 calorias por pessoa.
Seis meses sem fim
O Le Figaro supõe que a data da retirada dos soldados do exército de Israel da parte sul da Faixa de Gaza no domingo não foi escolhida ao acaso. O 7 de abril marca seis meses após os massacres cometidos pelo Hamas. Entretanto, o jornal expõe um temor de continuidade, com o anúncio do porta-voz do Exército de que as forças se retiram de Khan Yunis, mas se preparam "para suas próximas missões (...) no setor de Rafah", alertou Yoav Gallant, ministro da Defesa.
Ao mesmo tempo, em que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acredita que Israel está "a um passo da vitória", conforme declarações no domingo, antes de acrescentar que "não haverá cessar-fogo sem o retorno dos reféns".
Nas últimas semanas, os Estados Unidos e a Europa alertaram sobre o risco de uma operação em grande escala em Rafah, em uma área onde mais de 1 milhão de palestinos se refugiaram em condições mais precárias, enfatizou Le Figaro.