Presidente francês também disse que europeus não podem ficar submissos aos EUA
Michel Rose | Reuters
Paris - O presidente da França, Emmanuel Macron, apelou nesta quinta-feira (25) por defesas europeias mais fortes e integradas e disse que o continente não deve se tornar um vassalo dos Estados Unidos, enquanto delineou sua visão para uma União Europeia mais assertiva no cenário global.
Presidente da França, Emmanuel Macron, durante discurso na Sorbonne, em Paris | Reuters |
Com apenas três anos restantes de seu segundo e último mandato no cargo, e tendo perdido sua maioria parlamentar em 2022, Macron, de 46 anos, quer mostrar a seus críticos que ele retém a energia e o pensamento fresco que o ajudaram a chegar à presidência em 2017.
“Existe o risco de a nossa Europa morrer. Não estamos equipados para enfrentar os riscos”, disse Macron em seu discurso na Universidade de Sorbonne, em Paris, alertando que as pressões militares, econômicas, comerciais e outras podem enfraquecer e fragmentar a UE de 27 nações.
Macron disse que a Rússia não deve ganhar na Ucrânia, e pediu um impulso na capacidade de segurança cibernética da Europa, laços de defesa mais estreitos com a Grã-Bretanha pós-Brexit e a criação de uma academia europeia para treinar militares de alto escalão.
“Não há defesa sem uma indústria de defesa … tivemos décadas de subinvestimento”, disse ele, acrescentando que os europeus devem dar preferência à compra de equipamentos militares europeus.
“Temos que produzir mais, temos que produzir mais rápido, e temos que produzir como europeus”, disse ele.
Macron disse que a Europa corre o risco de ficar para trás economicamente em um contexto em que as regras globais de livre comércio estão sendo desafiadas pelos principais concorrentes, e pediu uma redução na burocracia nas pequenas e médias empresas.
Impacto em políticas do bloco
O líder francês espera que seu discurso tenha o mesmo impacto que um discurso semelhante na Sorbonne que ele fez há sete anos, que prefigurou algumas mudanças significativas na política da UE.
Desde então, muita coisa mudou, com grandes desafios geopolíticos, incluindo a guerra em Gaza, a invasão da Ucrânia pela Rússia e o crescimento das tensões entre a China e os EUA.
O discurso de quinta-feira foi anunciado pelos conselheiros de Macron como a contribuição da França para a agenda estratégica da UE para os próximos cinco anos. A agenda deve ser decidida após as eleições europeias, quando os líderes da UE negociarão os principais cargos do bloco.
Macron viu sua popularidade pessoal cair, enquanto seu partido centrista renascentista está perdendo o Rassemblement National (RN) de extrema-direita nas pesquisas antes das eleições para o Parlamento Europeu de 6 a 9 de junho.
Outro desafio para Macron é que no Parlamento Europeu, seu grupo, Renew, é agora o terceiro maior, mas pode cair para o quarto lugar, mostram as pesquisas, o que limitaria ainda mais sua influência.