A Excalibur International, uma agência comercial e de exportação do Czechoslovak Group (CSG), da República Tcheca (ou Tchéquia), que representa a linha de negócios do grupo e de outras empresas, informou a T&D que assinou um memorando de entendimento (MoU) com a Avibras Aeroespacial e Defesa para promover o Zuzana 2 8X8, no âmbito do projeto de obtenção de 36 viaturas blindadas de combate obuseiro autopropulsado 155mm sobre rodas (VBCOAP 155mm SR) do Exército Brasileiro (EB).
Por Paulo Roberto Bastos Jr. | Tecnologia & Defesa
De acordo com a Excalibur, esta parceria permitirá sua produção local, através de montagem final em processo CKD (“completely knock-down”) e a criação de um centro de manutenção, reparo e revisão (MRO) utilizando a infraestrutura fabril da Avibras e garantindo o suporte logístico nacional, caso seja adotado pelo EB.
Zuzana 2 8X8 |
Procurada, a empresa brasileira confirmou “tratativas com a Excalibur para futuras parcerias”, mas não deu maiores detalhes à nossa reportagem (posteriormente afirmou que publicará uma nota após a publicação deste artigo).
Essa notícia é interessante, pelo fato de, durante a Eurosatory de 2014, a Avibras e a Nexter francesa anunciaram uma parceria para o desenvolvimento conjunto de uma versão do sistema de artilharia CAESAR, chamado Tupã, que utilizaria a plataforma TATRA 6X6 e os sistemas de controle do sistema ASTROS II. Apesar de diversos estudo terem sido efetuados, o projeto não foi adiante e acabou cancelado poucos anos depois.
OBUSEIRO ESLOVACO
O Zusana 2 é um é um sistema de artilharia autopropulsado, autônomo, com sistema de carregamento automático e capaz de fornecer fogo efetivo, direto e indireto, de longo alcance e alta precisão e cadência, possuindo grande mobilidade e rapidez na entrada de posição, disparo e evasão, e produzido pela empresa Konštrukta Defence, pertencente ao DMD Group, da Eslováquia.
Destaca-se dos demais competidores do projeto VBCOAP 155 SR pela proteção da tripulação contra os efeitos das armas leves e fogo de artilharia (STANAG 4569 level 3) e no maior número de munições transportadas (40 granadas e 40 cargas), porém isso faz dele o mais pesado (com peso de combate na ordem de 33.800kg) e de maior volume dentre os concorrentes, que dificulta sua logística de transporte. Todavia, de acordo com o fabricante, suas inovações, como os sistemas eletrônicos de diagnósticos e automação aplicados nas operações de carregamento e disparo, o classificam como um dos mais avançados do mundo.
Em sua parte traseira está montada uma superestrutura (torre), onde fica localizado seu armamento principal, uma peça de 155mm e 52 calibres, e seus operadores (que não precisam sair da viatura durante as operações). A arma é estabilizada, está equipada com sistemas de navegação inercial e radar de velocidade inicial, possui um alcance superior a 50km para projeteis de longo alcance com velocidade aprimorada (VLAP) e pode disparar em um azimute de ±60º e elevação de -3,5º a +75º.
O sistema de carregamento é automático (“autoloader”), do tipo mecânico e hidráulico, controlado por comandos elétricos, que permite disparos únicos ou seqüenciais, possuindo capacidade tipo MRSI (Multiple Round Simultaneous Impact, ou “impacto simultâneo de múltiplas rodadas”, em portugês), sendo compatível com todas as munições padrão OTAN podendo utilizar quaisquer outras com comprimento de até 1000mm.
A plataforma é a T 815 8X8, da TATRA Defence (pertencente ao GSG e um dos requisitos desejáveis do projeto do EB), está equipada com um sistema central de calibragem dos pneus, que permite ao motorista alterar sua pressão enquanto dirige, que facilita sua mobilidade por terrenos variados, atingindo a velocidade máxima de 90km/h em estradas e podendo atravessar obstáculos de até 1,2m de profundidade. O motorista possui um sistema passivo de visão noturna para sua operação a noite de forma discreta.
Este sistema de armas está em uso nos exército eslovaco e no ucraniano, onde participa ativamente da defesa do país diante da invasão russa.
A Excalibur International, que representa a Konštrukta, também ofereceu o sistema Bia 6X6 para o projeto VBCOAP 155 SR, porém este foi desclassificado na Fase 1A por não estar em “produção seriada”, fator determinante na escolha do sistema a ser adquirido pela Força Terrestre.