Vladimir Zelensky demitiu Aleksei Danilov do cargo de secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia. O que está por trás da mudança?
Sputnik
O presidente da Ucrânia Vladimir Zelensky reorganizou o seu gabinete na terça-feira (26), demitindo o secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, Aleksei Danilov, e o substituindo por Aleksandr Litvinenko, que anteriormente ocupava o cargo de chefe do Serviço de Inteligência Externa.
Vladimir Zelensky © AP Photo / Markus Schreiber |
"Eu me refiro a isso como 'arrastar as cadeiras no convés do Titanic'", disse Larry Johnson, oficial de inteligência aposentado da CIA e funcionário do Departamento de Estado, à Sputnik. "Essa é uma expressão que usamos em inglês quando seu navio está afundando, mas você está focado em coisas menores sobre onde a cadeira de convés deve ser colocada. Você deveria se preocupar mais em evitar que o navio afunde. E substituir Danilov não vai mudar a trajetória desta guerra. Para onde ela está indo, a Ucrânia está perdendo."
Danilov é conhecido há muito tempo pela retórica controversa e chauvinista. No início deste mês, o responsável ucraniano fez comentários obscenos insultando o representante especial da China para Assuntos da Eurásia, Li Hui, durante uma entrevista ao vivo na televisão nacional. Os comentários de Danilov foram feitos em um momento em que Pequim está reunindo apoio global para as negociações de paz do conflito ucraniano.
Anteriormente, Danilov tinha como alvo as pessoas que usam a língua russa na Ucrânia, alegando que os falantes de russo deveriam ser "eliminados" e "expulsos" do país. Em outra ocasião, disse que a língua russa deveria desaparecer do território da Ucrânia como "um elemento de propaganda hostil", ao mesmo tempo que insistia que a língua inglesa é obrigatória no Estado do Leste Europeu. As calúnias de Danilov levaram Stéphane Dujarric, o porta-voz do secretário-geral da ONU, a levantar a questão da "retórica doentia" entre os funcionários do governo ucraniano.
O ataque terrorista ao Crocus City Hall, ocorrido no dia 22 de março, levou alguns observadores a revisitarem as jactâncias de Danilov sobre a capacidade de Kiev de levar "a guerra" para dentro da Rússia.
"Quero dizer que se [o presidente russo Vladimir] Putin acreditava que a guerra não chegaria à Rússia, ele está profundamente enganado. Ela virá e irá muito longe. E se hoje eles já estão começando a sofrer a uma distância de 800-900 quilômetros, acredite, em um futuro próximo serão milhares de quilômetros", disse Danilov no dia 14 de março durante o talk show Ukrainskaya Pravda, enquanto comentava as incursões na fronteira russa pelo chamado Corpo de Voluntários Russos (organização terrorista banida na Rússia) e outras unidades mercenárias que lutam do lado de Kiev.
"Acho que a demissão de Danilov chama a atenção para uma questão à qual ninguém está prestando atenção", disse Johnson, referindo-se às tentativas da grande mídia ocidental e dos EUA de desviar a atenção do possível papel da Ucrânia no ataque terrorista ao Crocus City Hall.
No entanto, os dados preliminares recebidos dos detidos pelo ataque terrorista confirmam ligações à Ucrânia, disse o diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB), Aleksandr Bortnikov, na terça-feira (26).
"Os dados preliminares que recebemos dos detidos confirmam isso. Portanto, finalizaremos ainda mais as informações que devem nos mostrar se a presença e participação do lado ucraniano é real ou não. Em qualquer caso, por enquanto há razões para dizer que este é exatamente o caso", disse Bortnikov ao repórter Pavel Zarubin na terça-feira.
A decisão de Zelensky de remodelar o seu gabinete é mais um "movimento político estúpido" no meio de uma série de derrotas sofridas pelos militares ucranianos no terreno, segundo Johnson.
"É um caos. E penso que nos últimos dias os ucranianos estão tomando medidas para esconder muitas vítimas que foram infligidas através de uma variedade de ataques com mísseis russos contra centros de comando importantes", concluiu o veterano da CIA.