O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou a pressão internacional neste domingo e disse que continuará com a campanha militar contra o Hamas em Gaza, onde as agências de auxílio humanitário dizem que a fome é iminente, enquanto negociações por um cessar-fogo estão prontas para serem retomadas.
Por Nidal al-Mughrabi e Ari Rabinovitch | Reuters
CAIRO/JERUSALÉM - Falando em uma reunião ministerial, Netanyahu disse que Israel entrará em Rafah, o último local relativamente seguro do pequeno e lotado enclave de Gaza, após mais de cinco meses de guerra.
Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu ordena incursão em Rafah antes das negociações de trégua com o Hamas — Foto: Menahem Kahana/AFP |
“Nós vamos operar em Rafah. Demorará várias semanas e acontecerá”, disse, sem esclarecer se ele quis dizer que o ataque durará semanas ou se começará em semanas.
Aliados de Israel pediram várias vezes para que Netanyahu não atacasse Rafah, onde mais de um milhão de pessoas deslocadas de outras partes do devastado enclave buscaram abrigo, sem um plano para proteger civis.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse na Jordânia antes de uma visita planejada para Israel, que um ataque contra Rafah tornaria a paz regional “muito difícil” e que os esforços neste momento são para “garantir que consigamos um cessar-fogo duradouro”.
Netanyahu criticou a pressão dos aliados, dizendo: “Suas memórias são tão curtas assim? Vocês se esqueceram tão rapidamente do dia 7 de outubro, o mais terrível massacre de judeus desde o Holocausto? Vocês são tão rápidos em negar a Israel o direito de se defender contra os monstros do Hamas?”.
Ele havia afirmado que Israel tem um plano para retirar civis de Rafah, mas agências de auxílio e aliados de Israel continuam céticos.
Soldados do Hamas mataram 1.200 pessoas e tomaram 253 reféns no ataque de 7 de outubro, segundo contagens israelenses, desencadeando uma enorme ofensiva contra Gaza.
A campanha aérea e terrestre de Israel no enclave matou mais de 31.600 pessoas, segundo autoridades de saúde de Gaza, governada pelo Hamas, expulsou a maior parte da população de suas casas e a deixou à beira da fome, segundo agências de auxílio humanitário.
Uma fonte com conhecimento das negociações de trégua no Catar disse à Reuters que o chefe da agência de inteligência Mossad se juntará à delegação participando das negociações com mediadores catarianos, egípcios e norte-americanos.
O Hamas apresentou uma nova proposta de cessar-fogo na semana passada que inclui uma troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos. O gabinete de segurança de Israel se reunirá para discuti-la antes de a delegação partir.
Netanyahu já disse que a proposta se baseava em “demandas irrealistas”, mas uma autoridade palestina familiarizada com os esforços de mediação disse que as chances de um acordo pareciam melhores com o Hamas dando mais detalhes sobre a proposta de troca de prisioneiros.