O presidente francês, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira (6) que a França não deve impor "limites" em seu apoio à Ucrânia. "Diante de um inimigo que não estabelece limites, não podemos nos dar ao luxo de estabelecer limites", disse Macron aos líderes dos partidos franceses no Parlamento, reunidos por 2 horas e 30 minutos a portas fechadas no Palácio do Eliseu.
RFI
A oposição denunciou uma postura "irresponsável” do presidente. Macron prometeu visitar a Ucrânia em meados de março.
Macron volta a gerar polêmica ao dizer que "não há limites" no apoio da França à Ucrânia © via REUTERS - Christophe Ena |
O presidente francês assume, desta maneira, suas polêmicas declarações do dia 26 de fevereiro. Na ocasião, ele disse que o envio de tropas terrestres para a Ucrânia no futuro não deveria "ser excluído", em nome da "ambiguidade estratégica", gerando uma grande polêmica.
O Kremlin acusou o presidente francês nesta quinta-feira de “aumentar o nível de envolvimento direto da França no conflito. "O presidente está convencido de sua política de obtenção de uma derrota estratégica da Rússia e continua aumentando o nível de envolvimento direto da França na Ucrânia, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em um vídeo transmitido pela rede Telegram.
A maioria dos outros aliados de Kiev e a oposição francesa se distanciaram da posição do presidente francês. "Cheguei preocupado e saí mais preocupado", resumiu à imprensa Manuel Bompard, líder do partido de extrema esquerda A França Insubmissa. Segundo ele, o chefe de Estado explicou que a França deveria apoiar a Ucrânia "a qualquer custo".
A comitiva do presidente reafirmou que não quer alimentar uma "ampliação" do conflito e acusou a oposição de ser "contraditória". De acordo com um assessor da Presidência francesa, todos os partidos defenderam o apoio à Ucrânia. "Isso significa que não devemos abandonar o país e precisamos fazer tudo o que estiver em nosso alcance para garantir que a Rússia não vença. Por isso nada pode ser descartado", acrescentou.
"Não há limites nem linhas vermelhas", disse o líder do partido de extrema direta Reunião Nacional, Jordan Bardella. O presidente do partido Os Republicanos, Eric Ciotti, denunciou uma postura presidencial "inapropriada e irresponsável", que "isolou nosso país".
"Temos um presidente que, infelizmente, como sempre, está "brincando de "instrumentalizar a guerra" a três meses das eleições europeias, lamentou o primeiro-secretário do Partido Socialista, Olivier Faure.
Videoconferência ministerial
Emmanuel Macron, que prometeu visitar a Ucrânia em meados de março, tenta impor sua liderança contra a Rússia.
A França também organizou uma videoconferência ministerial na tarde desta quinta-feira com quase 30 países ocidentais para detalhar novas opções de ajuda a Kiev. Serão discutidos oito pontos, incluindo munições, estocagem, proteção dos Estados vulneráveis ou produção industrial
O acordo bilateral de segurança assinado em fevereiro entre a França e a Ucrânia também deverá ser submetido a um voto simbólico na terça-feira na Assembleia Nacional e quarta-feira no Senado.
Com informações da AFP