O governo do Hamas anunciou, na terça-feira (26), que 18 pessoas morreram, incluindo 12 que se afogaram no mar, enquanto tentavam recuperar a ajuda alimentar lançada de paraquedas na Faixa de Gaza, na segunda-feira (25). As autoridades pediram a "interrupção imediata das operações de lançamento aéreo" e a abertura "rápida" do acesso terrestre para ajuda na região devastada pela guerra
RFI
Além dos 12 palestinos que se afogaram, seis pessoas morreram no tumulto que se formou com a chegada de ajuda por paraquedas, de acordo com um comunicado da assessoria de imprensa do governo do movimento islâmico palestino Hamas.
Ajuda humanitária chega de paraquedas no norte de Gaza, no domingo, 10 de março de 2024. AP - Ariel Schalit |
Algumas delas ficaram feridas e foram levadas a três hospitais da cidade de Gaza, no norte do país, onde morreram na manhã de terça-feira ou antes do amanhecer, disse à agência AFP o diretor do escritório de imprensa do governo em Gaza, Ismaïl Al-Sawarka, acrescentando que muitas das vítimas eram jovens e algumas crianças.
"Sempre alertamos os países que realizam operações de lançamento aéreo sobre o perigo de procedimentos incorretos, porque parte dessa ajuda cai no mar, parte cai nos territórios palestinos ocupados e parte acaba em áreas perigosas, colocando a vida de civis famintos em perigo extremo", descreveu o comunicado.
Aeronaves militares vêm lançando carregamentos de ajuda humanitária há várias semanas, com o apoio de países como Reino Unido, França, Estados Unidos, Egito e Jordânia.
Em 8 de março, cinco pessoas foram mortas e dez ficaram feridas quando pacotes de ajuda foram lançados de aviões na cidade de Gaza.
Tem havido cada vez mais pedidos para que Israel abra mais pontos de passagem para a Faixa de Gaza, que está sitiada. De acordo com as Nações Unidas, antes da guerra, pelo menos 500 caminhões entravam em Gaza todos os dias, mas atualmente, são apenas cerca de 150.
Negociações de cessar-fogo
O líder do movimento islâmico palestino Hamas, Ismail Haniyeh, disse em Teerã, na terça-feira, que a adoção da primeira resolução do Conselho de Segurança da ONU exigindo um cessar-fogo na Faixa de Gaza demonstrou o "isolamento político sem precedentes" de Israel.
"Embora essa resolução tenha chegado tarde e possa haver algumas lacunas que precisam ser preenchidas, ela mostra que a ocupação israelense está passando por um isolamento político sem precedentes", considerou o líder palestino após uma reunião com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian.
Sua visita ao Irã ocorreu um dia depois que o Conselho de Segurança da ONU adotou sua primeira resolução pedindo um cessar-fogo "imediato" entre Israel e o Hamas em Gaza, com 14 votos a favor e a abstenção dos Estados Unidos.
Essa votação demonstra "que os Estados Unidos são incapazes de impor sua vontade à comunidade internacional", acusou Haniyeh à imprensa.
Ele considerou que "a entidade sionista" "não conseguiu atingir nenhum de seus objetivos militares ou estratégicos" após quase seis meses de guerra. Amir-Abdollahian, que estava presente ao seu lado, não fez comentários.
Poucas horas antes, Teerã havia saudado a resolução como "um passo positivo, mas insuficiente", pedindo "medidas efetivas" para "provocar uma cessação completa e permanente dos ataques israelenses".
O Irã é o inimigo declarado de Israel e apoia os movimentos que lutam contra ele na região, inclusive o Hamas.
Números atuais do conflito
A guerra entre Israel e o Hamas estourou em 7 de outubro após um ataque de comandos do movimento islâmico que se infiltraram no sul de Israel a partir de Gaza, resultando na morte de pelo menos 1.160 pessoas, principalmente civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
De acordo com Israel, cerca de 250 pessoas foram sequestradas e 130 delas ainda são reféns em Gaza, 33 das quais estão supostamente mortas.
Em retaliação, Israel prometeu destruir o Hamas, que assumiu o poder em Gaza em 2007, e lançou uma vasta operação militar que matou de 32.414 pessoas, a maioria civis, no território palestino, de acordo com o último balanço do Ministério da Saúde do Hamas. Nas 24 horas anteriores, outras 81 mortes foram registradas, de acordo com um comunicado do ministério, que também informou que 74.787 pessoas haviam sido feridas em cinco meses e meio de guerra.
(Com informações da AFP)