A Polícia Federal (PF) indiciou Câmara, Bolsonaro e outras 15 pessoas por inserção de dados falsos e formação de organização criminosa
Gabriela Prado | CNN
Braília - Preso, Marcelo Costa Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e coronel da reserva, soube, por meio de visitas, que foi um dos indiciados no caso de falsificação do cartão de vacina.
A investigação aponta que Marcelo Câmara passou a ter o e-mail vinculado a conta "gov.br" de Jair Bolsonaro | Gesival Nogueira/Ato Press/Estadão Conteúdo - 24.ago.2023 |
Segundo interlocutores, Câmara já relatou que descobriu sobre as doses falsas de vacina depois que assumiu como assessor de Bolsonaro, após o término do mandato do ex-presidente.
Ele afirmou que ficou surpreso e “mandou Cid desfazer a besteira que tinha feito”. De acordo com pessoas próximas a Câmara, o militar sempre sustentou que o ex-ajudante de ordens fez “tudo sozinho e sem autorização de ninguém”.
Câmara ainda teria relatado que não denunciou a suposta manobra de Cid para inserir os dados porque não imaginou que pudesse gerar tanto problema. E ainda como não se falou mais do assunto, pensou que estaria tudo resolvido.
A amigos, o ex-assessor ainda disse que ele mesmo, tomou a vacina contra a Covid-19.
A Polícia Federal (PF) indiciou Câmara, Bolsonaro e outras 15 pessoas por inserção de dados falsos e formação de organização criminosa.
Investigação
A investigação aponta que Marcelo Câmara passou a ter o e-mail vinculado a conta “gov.br” de Jair Bolsonaro, a partir do dia 22/12/2022, às 8h20. Antes, o cadastro era vinculado ao e-mail de Mauro Cid.
Segundo as investigações há registros de Cid e Câmara, no Palácio do Alvorada, neste dia e horário da alteração. A mudança dos e-mails seria porque Câmara passaria a ser assessor de Jair Bolsonaro, após o término do mandato.
O relatório da PF aponta ainda neste dia em que ambos estavam no Alvorada, foi emitido o certificado de vacinação e feita a alteração do e-mail cadastral ” evidenciando que todos os atos praticados no Palácio do Alvorada no dia 22/12/2022, como acesso ao sistema ConecteSUS, emissão do certificado de vacinação e alteração cadastral do e-mail vinculado à conta de Jair Messias Bolsonaro, também era de conhecimento de Marcelo Costa Câmara, assessor do então presidente da República, que inclusive o acompanhou após o término do mandato presidencial, corroborando que Jair Bolsonaro participou dos atos criminosos praticados em seu benefício.”
Outro lado
O advogado de Marcelo Câmara, Eduardo Kuntz afirmou que “uma denúncia contra ele vai escancarar, em definitivo, que não temos um processo jurídico e estamos vivendo apenas um reprovável jogo político”.