O Ministério de Relações Exteriores da Autoridade Palestina condenou o ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, conhecido por declarações e práticas racistas e inflamatórias, por sua celebração pública do assassinato de um menino de 13 anos pelo exército da ocupação.
Monitor do Oriente Médio
A chancelaria reivindicou do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, que emita um mandado de prisão a Ben-Gvir, após sua resposta à morte de Rami Hamdan al-Halhouli engendrar receios de incitação de novos crimes coloniais.
Ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, no assentamento de Kiryat Malachi, 16 de fevereiro de 2024 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu] |
Segundo as informações, um soldado abriu fogo ao menino palestino após este supostamente detonar um fogo de artifício nas ruas de Shuafat, campo de refugiados na Cisjordânia.
A versão israelense não foi corroborada de maneira independente.
Al-Halhouli foi levado às pressas ao centro médico de Hadassah, onde o óbito foi confirmado. Residentes reiteraram que o menino não impôs qualquer risco aos soldados.
Ben-Gvir, no entanto, “saudou” o perpetrador, ao comemorar a execução sumária em sua página da rede social X (Twitter): “É exatamente assim que temos de agir com terroristas — com precisão e determinação”.
A Autoridade Palestina reiterou que o apoio declarado de Ben-Gvir ao assassinato não demanda investigação, dada a transparência do fato e à incitação a violações da lei internacional.
Conforme o argumento, a coalizão do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu — da qual Ben-Gvir é membro — incita tropas e colonos a executar palestinos, mesmo crianças, arbitrariamente, ao prover proteção e mesmo celebrar os criminosos.
O ministério observou ainda que a resposta de Ben-Gvir, como oficial de Estado, mostra que investigações israelenses sobre crimes cometidos por suas próprias forças são “mera formalidade, vazia de genuíno escrutínio legal”.
Segundo a denúncia, trata-se apenas de um artifício para conter a pressão internacional sobre a escalada colonial e os ataques cometidos contra comunidades civis na Palestina.
Ben-Gvir chegou a condenar o inquérito policial sobre o caso como “vergonhoso”, ao acusar a ouvidoria de “destruir o poder de dissuasão de Israel e atacar nossos soldados”.
“Este heroi, junto de seus amigos, fez um trabalho exemplar”, acrescentou Ben-Gvir.
Israel ocupa a Cisjordânia e Jerusalém Oriental desde 1967. Apesar de promessas de construção de um Estado palestino, conforme os Acordos de Oslo, o Estado israelense ampliou assentamentos e escalou medidas de limpeza étnica desde então.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro, deixando 31.272 mortos, 73.024 feridos e dois milhões de desabrigados. Dois terços das vítimas são mulheres e crianças.
Na Cisjordânia, são cerca de 400 mortos em cinco meses, além de sete mil presos políticos.
As ações são retaliação a uma operação do Hamas que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados. Segundo o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram na ocasião.
No entanto, reportagens investigativas do jornal israelense Haaretz mostraram que parte considerável das fatalidades se deu por “fogo amigo”, sob ordens gravadas de líderes militares para que suas tropas atirassem em reféns e residências civis.
Apesar de uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, de 26 de janeiro, Israel ainda impõe um cerco militar absoluto a Gaza — sem comida, água, medicamentos, energia elétrica ou combustível. A decisão pede ainda que Israel impeça e responsabilize atos de incitação ao genocídio.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.