Exército realizou ataque "massivo" com mísseis na quarta-feira (31); Rússia não comentou suposto naufrágio do "Ivanovets"
Vasco Cotovio, Yulia Kesaieva, Radina Gigova e Christian Edwards | CNN
A inteligência militar da Ucrânia afirma que afundou um navio de guerra russo na costa da Crimeia durante a noite desta quinta-feira (1°), no mais recente ataque à Frota Russa do Mar Negro. Horas antes, o Exército ucraniano teria feito um ataque “massivo” com mísseis na península.
Inteligência militar da Ucrânia publica imagens que mostrariam drones marítimos destruindo o "Ivanovets", um navio de guerra russoUkraine Defense Intelligence/Telegram |
O navio russo “Ivanovets”, que possuiria mísseis guiados, sofreu vários impactos no casco antes de afundar no porto do Lago Donuzlav, o lago mais profundo da Crimeia, disse a inteligência da Ucrânia.
Imagens fornecidas pela Ucrânia mostram drones navais em direção ao navio antes de explodirem com o impacto, causando danos significativos ao navio.
No final do vídeo, a embarcação parece ter afundado, apenas com a proa acima da água. A CNN não conseguiu verificar de forma independente as alegações da Ucrânia e não está claro nas imagens qual navio foi atingido e quando.
O Ministério da Defesa da Rússia, o Kremlin e outras autoridades russas ainda não comentaram o caso.
Golpes simbólicos e estratégicos
O naufrágio do Ivanovets é o mais recente de uma série de ataques ucranianos à Frota Russa do Mar Negro, em uma tentativa de desferir golpes estratégicos e simbólicos contra as forças russas, que anexaram a Crimeia em 2014.
A Ucrânia disse anteriormente que os ataques à Crimeia e a navios russos têm como objetivo tentar isolar a península e tornar mais difícil para a Rússia sustentar suas operações militares no continente ucraniano, onde as linhas da frente da batalha permaneceram praticamente estáticas durante meses.
O mais notável dos ataques foi o contra o navio Moskva, em abril de 2022, que forçou a Rússia a mudar a forma como opera perto de áreas controladas pela Ucrânia.
O navio se tornou famoso depois de ameaçar bombardear a Ilha Snake, no Mar Negro, se os soldados ucranianos que o defendiam não se rendessem. “Navio de guerra russo, vá se fo***”, respondeu um dos soldados à época.
O ataque ao Ivanovets ocorreu horas depois de a Ucrânia ter lançado uma barragem de mísseis contra a Crimeia, na quarta-feira (31), no que o Comandante da Força Aérea da Ucrânia descreveu como parte da “limpeza da Crimeia da presença russa”.
A Ucrânia lançou 20 mísseis guiados na Crimeia, com as defesas aéreas russas destruindo 17 deles sobre o Mar Negro e mais três sobre a península, segundo o Ministério da Defesa da Rússia.
A pasta ressaltou que alguns dos mísseis foram interceptados perto do campo de aviação de Belbek, perto da cidade de Sebastopol.
“Nossos militares repeliram um ataque massivo a Sebastopol”, destacou o governador da cidade nomeado pela Rússia, Mikhail Razvozhaev, na quarta-feira, acrescentando que mais de seis mísseis foram abatidos.
Razvozhaev ressaltou que cerca de uma dúzia de edifícios foram atingidos pela queda de destroços, o que resultou em janelas quebradas e outros danos, mas não houve relatos de feridos.
O campo de aviação de Belbek era anteriormente a base da 204ª Brigada de Aviação Tática da Ucrânia, disse Mykola Oleshchuk, comandante da Força Aérea Ucraniana, na quarta-feira em uma postagem no Telegram, acompanhada pelo vídeo de uma explosão.
“Os aviadores ucranianos definitivamente voltarão para casa, para seu campo de aviação. Enquanto isso, agradeço a todos os que contribuíram para a limpeza da Crimeia da presença russa”, destacou Oleshchuk.
Yurii Ihnat, porta-voz do Comando da Força Aérea, repetiu nesta quinta-feira (1°) esses comentários, dizendo que “certas instalações na península foram atingidas”.
A CNN não pôde verificar de forma independente as afirmações de nenhum dos lados.
Os ataques ocorrem em um momento em que aumentam as especulações sobre a possível demissão do comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, General Valerii Zaluzhnyi, após semanas de especulações crescentes sobre desentendimentos com o presidente Volodymyr Zelensky.