Vladimir Yermakov destacou que nenhum outro país da Otan além dos Estados Unidos tinha mísseis terrestres de alcance intermediário e de curto alcance
TASS
MOSCOU - O Ministério das Relações Exteriores da Rússia alertou que a espiral de escalada sobre as entregas ocidentais de mísseis de longo alcance à Ucrânia pode sair do controle, disse Vladimir Yermakov, diretor do Departamento de Não-Proliferação e Controle de Armas do Ministério das Relações Exteriores, em entrevista à TASS.
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"O alcance dos mísseis que estão sendo fornecidos à Ucrânia está aumentando constantemente. Os países que efectuam essas entregas devem estar cientes das consequências inevitáveis que tais medidas podem acarretar para a sua própria segurança. Temos enfatizado repetidamente que a espiral crescente que está sendo girada pelo Ocidente pode, em algum momento, sair do controle", alertou Yermakov.
Ele ressaltou que nenhum outro país da Otan além dos Estados Unidos tinha mísseis terrestres de alcance intermediário e de curto alcance.
"No entanto, alguns desses países estão desenvolvendo ou pretendem comprar essas armas no futuro. Por isso, é preciso destacar novamente o fator EUA: são os EUA que planejam fornecer mísseis relevantes aos aliados, inclusive para as plataformas já à sua disposição", disse.
Yermakov especificou que o míssil em questão era o míssil PrSM (Míssil de Ataque de Precisão) que está sendo desenvolvido pelos EUA, que durante os testes, "a julgar pelas informações disponíveis, já voou a uma distância de mais de 500 quilômetros".
"Estamos monitorando esses planos no contexto de nossa análise contínua da viabilidade da moratória unilateral da Rússia sobre a implantação de mísseis terrestres de médio e curto alcance", enfatizou Yermakov. "Quanto ao fornecimento de tais armas de mísseis ao regime de Kiev, não houve relatos de tais planos até agora."
Os mísseis de alcance intermediário (1.000 a 5.500 quilômetros) e de alcance mais curto (500 a 1.000 quilômetros) foram proibidos pelo Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (Tratado INF) entre Moscou e Washington. Em dezembro de 2018, os Estados Unidos dirigiram à Rússia com um ultimato exigindo a eliminação de novos mísseis de cruzeiro do tipo 9M729, o que, segundo Washington, era uma violação do Tratado INF. Moscou rejeitou essas acusações, afirmando que os parâmetros técnicos dos referidos mísseis estavam dentro dos limites permitidos. Todas as informações fornecidas, incluindo uma apresentação do míssil a adidos militares estrangeiros, foram ignoradas pelos EUA e países da Otan. Moscou apresentou suas próprias contra-alegações. Em 2 de fevereiro de 2019, os EUA suspenderam suas obrigações sob o tratado INF. No mesmo dia, a Rússia suspendeu sua participação no acordo. Em 2 de agosto de 2019, o tratado foi encerrado.