Segundo o ex-presidente boliviano, o petista foi alvo de reprimenda ‘por defender a vida e a dignidade do povo palestino’
Carta Capital
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales publicou uma mensagem de solidariedade ao presidente Lula (PT) e classificou como “injusta” a decisão de Israel de declarar o petista “person non grata“, devido a comentários sobre os ataques contra a Faixa de Gaza.
Segundo Evo, Lula foi alvo de reprimenda “por defender a vida e a dignidade do povo palestino face ao genocídio em Gaza levado a cabo pelo Estado de Israel”.
“Ser declarado ‘persona non grata’ por um governo genocida que comete massacres contra crianças é um privilégio que reafirma o compromisso com a vida e a paz perante a comunidade internacional e os povos do mundo”, escreveu ainda o boliviano, em mensagem nas redes sociais.
“Ser declarado ‘persona non grata’ por um governo genocida que comete massacres contra crianças é um privilégio que reafirma o compromisso com a vida e a paz perante a comunidade internacional e os povos do mundo”, escreveu ainda o boliviano, em mensagem nas redes sociais.
Em reação ao governo israelense, Lula resolveu chamar de volta para consultas o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer.
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, também convocou para uma reunião no Rio de Janeiro, nesta segunda, o embaixador israelense Daniel Zonshine. Meyer, por sua vez, embarcará rumo ao Brasil nesta terça 20.
Os anúncios ocorreram horas depois de o Ministério das Relações Exteriores de Benjamin Netanyahu declarar Lula “persona non grata“. Trata-se de um instrumento jurídico utilizado nas relações internacionais para sinalizar que um representante estrangeiro não é mais bem-vindo.
No domingo 18, durante passagem por Adis Adeba, na Etiópia, Lula afirmou:
“É importante lembrar que em 2010 o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem que ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus.
Então, não é possível que a gente possa colocar um tema tão pequeno, sabe, você deixar de ter ajuda humanitária… Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai retribuir a vida de 30.000 pessoas que já morreram, 70.000 que estão feridos? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram sem saber por que estavam morrendo?”.
Também nesta segunda, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, levou Frederico Meyer para uma reunião de reprimenda no Museu do Holocausto, em Jerusalém.
“Não perdoaremos e não esqueceremos. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é uma ‘persona non grata‘ em Israel até que ele peça desculpas e se se retrate”, disse Katz, em coletiva, ao lado do embaixador brasileiro. O Itamaraty considera graves as declarações do ministro israelense.