Investigadores sustentam que fala do então ministro evidencia necessidade de os órgãos de Estado vinculados ao governo atuarem para assegurar vitória de Bolsonaro
Teo Cury | CNN
Brasília - O ex-ministro general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, afirmou, em reunião ministerial comandada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), que “se tiver que virar a mesa é antes das eleições”. O general, um dos principais conselheiros de Bolsonaro, disse ainda que era necessário “agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas”.
A reunião aconteceu em julho de 2022 e fora convocada por Bolsonaro, de acordo com a Polícia Federal. Um vídeo da reunião foi encontrado no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro durante o governo.
“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, afirmou Augusto Heleno.
Os investigadores da PF sustentam que a fala do então ministro evidencia a necessidade de os órgãos de Estado vinculados ao governo federal atuarem para assegurar a vitória de Bolsonaro.
“Eu acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”, afirmou Heleno no encontro.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ao autorizar a operação deflagrada nesta quinta-feira (8) escreveu em sua decisão que a descrição da reunião “nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”.